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2004/11/29


Excerto de Mensagem - Fernando Pessoa

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

2004/11/27

Sozinho / Caetano Veloso

Às vezes, no silêncio da noite
Eu fico imaginando nós dois
Eu fico ali sonhando acordado, juntando
o antes, o agora e o depois
por que você me deixa tão solto?
por que você não cola em mim?
Tô me sentindo muito sozinho!


Não sou nem quero ser o seu dono
É que um carinho às vezes cai bem
Eu tenho meus desejos e planos secretos
só abro pra você mais ninguém
por que você me esquece e some?
e se eu me interessar por alguém?
e se ela, de repente, me ganha?


Quando a gente gosta
é claro que a gente cuida
fala que me ama
só que é da boca pra fora
ou você me engana
ou não está madura
onde está você agora?


Quando a gente gosta
é claro que a gente cuida
fala que me ama
só que é da boca pra fora
ou você me engana
ou não está madura
onde está você agora?


2004/11/26

Reflexões...

Definitivamente, o Inverno está a chegar... voltou a chuva, o frio anda também por aí a fazer-lhe companhia, por outro lado, já se vêem as ruas iluminadas com as decorações natalícias e as pessoas nas suas compras (cada vez mais cedo)... Eu vou-me limitando a olhar tudo isto, quase anestesiada pela minha realidade.
É nestas alturas que dou por mim alheada nos meus pensamentos sobre a vida... em especial a que tinha e a que tenho... é incrível como as coisas, leia-se vida, pode encetar uma rotação de tal forma lenta mas inexorável, que só temos consciência de tal quando já é demasiado tarde...
Aparentemente, não teria motivo algum para sentir isto, mas realmente é triste olhar em redor e de repente perceber que alguém de quem gostamos e que sempre fez parte da nossa existência mudou de tal forma que já não o conseguimos reconhecer, que se tornou um estranho...
É muito dura uma realidade assim... mas é necessário engolir as mágoas, apertar as ligaduras do coração, colocar um sorriso, e seguir em frente, dirigindo o pensamento para o futuro, para a esperança que surge de quem nos quer bem e que gostaríamos que fizesse parte da nossa existência... haja fé...
Ainsi soit'il...

2004/11/25

The House of Life: The Sonnet / Dante Gabriel Rossetti

A Sonnet is a moment's monument,
Memorial from the Soul's eternity
To one dead deathless hour. Look that it be,
Whether for lustral rite or dire portent,
Of its own arduous fulness reverent:
Carve it in ivory or in ebony,
As Day or Night may rule; and let Time see
Its flowering crest impearl'd and orient.

A Sonnet is a coin: its face reveals
The soul,--its converse, to what Power 'tis due: --
Whether for tribute to the august appeals
Of Life, or dower in Love's high retinue,
It serve; or, 'mid the dark wharf's cavernous breath,
In Charon's palm it pay the toll to Death.


2004/11/23


Apaixonei-me...

Apaixonei-me! Confesso e admito!
Nas minhas voltas e revoltas por este pequeno grande mundo, tenho alguns espaços que se tornaram visita habitual e quase obrigatória. Num deles, onde sinto que deveria dar algo mais, entrei esta noite e apaixonei-me irremediavelmente, de tal forma que transpus para o meu ambiente de trabalho o novo objecto da minha devoção.
Uma devoção visual, artística, sensível, que toca fundo na alma, que uma pintura de Van Gogh suscita e preenche... Apaixonei-me de facto pelos belos Girassóis que foram postados no Fora do Baralho... Não lhes resisti de todo... e agora sei que serão por largo tempo os meus companheiros de percurso...


2004/11/20



(para quem quiser ler melhor... basta um clic em cima da imagem)

2004/11/18

Pelo sonho é que vamos - Sebastião da Gama

Pelo sonho é que vamos,
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e ao que é do dia a dia.
Chegamos? Não chegamos?
- Partimos. Vamos. Somos.


2004/11/17



2004/11/16


Já não sei...

Já não sei quem gosta de mim, quem é meu amigo,
já não sei se alguém me ama... ou se amo alguém...
só vejo dúvidas, incertezas, perguntas sem resposta...

sentimentos contraditórios, desconexos...
acontecimentos que se sucedem sem se concretizar...
gerando mais e mais perguntas...
completamente confusa e baralhada...
tudo o que me rodeia aparece assim...
sinto-me perdida, submersa, afogada, sem ar...
sem pé...
já nem sei o que sinto ou o que sou...

quero desvanecer-me num choro imenso,
sem significado aparente...
apetece-me desaparecer...
desligar o botão, perder todo e qualquer contacto
com outros seres...
refugiar-me num casulo hermético...
repousar a alma...
libertar tudo e todos da minha presença...
simplesmente deixar de ser...
procurando manter uma secreta esperança
de que alguém virá em minha busca...
de que surgirão respostas...
em vez do total esquecimento...
porque afinal...
preciso de saber...
preciso que me digam...
que significado posso ter...
o que para alguém posso ser?


Dor...

Abri o correio na esperança de ter notícias daqueles de quem gosto... limpei tudo aquilo que não interessava deixando para o fim a leitura daqueles que me fazem sorrir, prolongando a expectativa... quando abri o que restou... um poema... e sorri ainda mais por ser de quem era... li-o todo, mas no final... apenas me restaram as lágrimas... e uma dor lenta a consumir-me... porque senti que não correspondi como devia a quem me quis bem... de facto, as palavras não ditas magoam... tanto, tanto... hoje morri mais um pouco... porque magoei alguém... um alguém que não tive a oportunidade de conhecer, mas de quem gosto... e que sinto que agora me está distante... porque não soube compreender as palavras e as guardei para mim...

Nota: retirei um post que tinha publicado antes porque senti que não fazia sentido no meu estado de espírito actual... um outro dia voltarei a colocar aqui "Fascinação"... um outro dia...

2004/11/15

Frio...

Depois da queda da folha, das primeiras chuvas, vem, naturalmente, o frio... senti-o hoje mais intenso pela primeira vez... saí de casa bem cedinho e devidamente protegida, mas o primeiro impacto foi tremendo... o nariz arrefeceu automaticamente, a pele do rosto começou a repuxar, apesar do creme protector e os deditos foram gelando lentamente até começarem a doer as articulações, mesmo dentro dos bolsos... agarrar-me devidamente no autocarro foi um suplício de tão geladas que estavam as barras de apoio... consolo-me com o pensamento do mal menor, ou seja, enquanto o frio ficar pelo exterior ainda há remédio, umas luvas, um cachecol, um casaco, mais agasalho, resolve-se assim a situação... só me devo preocupar se o frio começar a despontar cá dentro, próximo do coração ou da alma... aí sim, é motivo de terror, significa que se perdeu a sensiblidade para a vida, para apreciar todas as pequenas e grandes coisas que a compõem, mesmo quando estão somewhat distantes de nós... mas realmente o Sr. Inverno está mesmo aí... e apesar de tudo o céu está azul e há um sol envergonhado a brilhar... e é isso que importa por agora... o futuro logo se verá...

2004/11/14

Porque será?

Porque será que depois de uma conversa que nos deixa literalmente nas nuvens, na medida em que nos enche de novo a alma de sonhos e de esperança, sobrevém uma certa sensação indefinida de vazio? Começo a achar que sou demasiado expectante em relação a pessoas e sentimentos... Definitivamente tenho de começar a ser um pouco menos ansiosa e recuperar o meu estado de calma e uma certa frieza que sempre me serviu de defesa contra as ditas "agressões" do mundo... ou isso, ou creio que ainda vou deslizar de novo para uma certa inconstância de espírito e balançar-me entre choros e risos, momentos e sensações extremas de felicidade e dor... Esta é uma meada que vou ter de desembraçar até ao fim, de a analisar, diria mesmo dissecar, até a entender totalmente... preciso de perceber que tipo de sentimento é este que me deixa assim... feliz e depois meio esvaziada... preciso de entender se é uma coisa só minha ou se os indicios que recebi singinficam que há correspondência... tenho de entender porque será... mas por agora, limito-me a escrever estas linhas em jeito de desabafo, ao som de Sinatra em "My Way"(coincidência engraçada)... mas como disse alguém... não há coincidências... porque será?

2004/11/13


Um Alaúde...

Foi ao som de um alaúde
que voltaste...
que te voltei a ler
e a sentir o teu carinho,
a força da tua amizade...
Foi na pureza deste som
que a alma se iluminou...
algo mais para além
de um sentimento...
mil e um sonhos e possiblidades...
Tocaste-me a alma,
cativaste-me o coração...
e ao som de um alaúde
voltei a acreditar...
mais do que um laço,
poderia ser...
simplesmente um nó...
simplesmente um nós...
um ti voglio bene a um só cuore...
E foi ao som de um alaúde que um sorriso me inundou a alma e o coração...

2004/11/10


Perspectivas...

No rescaldo de mais uma visita à Sereníssima, deixei aqui três das minhas pequenas visões desta cidade, cuja beleza está para além do visível... Há quem ache que é a mais romântica das cidades, outros nem por isso... porém, acredito que há algo mais para além disso... que ultrapassa a imagem dos postais, dos livros, dos prospectos turísticos, uma cidade real, com gente que lá vive, que lá nasce e que lá morre, plena de pormenores e de coisas que existem para além das gentes apressadas que devassam as suas riquezas e se detêm naquilo que a indústria turística lhes oferece...
Pessoalmente, gosto desta cidade pela energia que dela emana, pela força e beleza dos seus monumentos, pelo génio da sua criação, pela sua mera existência, pelos pequenos recantos, chaminés, janelas, alpendres, canais, arcos, plataformas nos telhados, pátios e passagens mínimas que quase permitem que duas mãos se cruzem entre duas janelas, por aquilo que escapa ao olhar distraído de quem passa e só vê os ex-libris pela frente... acredito que é nestes detalhes que se revela a verdadeira Veneza... aquela que está distante da imagem romanceada para turista ver e consumir...
Três vezes, três, por lá passei, qual sombra... vi-a na Primavera, com Sol incerto, no final do Verão, com Sol quente e doce, no início do Inverno, com a chuva fria que lava as pedras e a alma... visões diversas de uma mesma realidade...
Três vezes, três, regressei... mas a alma demorou a voltar... perdendo-se em sonhos e digerindo sensações... sentindo-se preenchida de emoções, de olhares e luzes e cores, de vivências diferentes...
Agora resta-me a saudade e as recordações, congeladas em imagens... e a esperança de um dia lá voltar...

2004/11/08


XII - L'INFINITO - Giacomo Leopardi

Sempre caro mi fu quest'ermo colle,
E questa siepe, che da tanta parte
Dell'ultimo orizzonte il guardo esclude.
Ma sedendo e mirando, interminati
Spazi di là da quella, e sovrumani
Silenzi, e profondissima quiete
Io nel pensier mi fingo; ove per poco
Il cor non si spaura.
E come il vento
Odo stormir tra queste piante, io quello
Infinito silenzio a questa voce
Vo comparando: e mi sovvien l'eterno,
E le morte stagioni, e la presente
E viva, e il suon di lei. Così tra questa
Immensità s'annega il pensier mio:
E il naufragar m'è dolce in questo mare.

2004/11/07


Suspiros...

2004/11/02

Já só vejo o céu...

Passou-se mais um fim de semana prolongado, uma raridade neste ano... passou rapidamente, demasiado veloz para sequer o saborear... arrumar uma casa depois de umas pequenas obras, cumprir o "ritual" anual da troca das "cascas" de Verão pelas de Inverno (é engraçada esta ideia da "cebola"), depois, instalar mais uns programas no pc, por causa das fotografias (já não quero pensar em perder momentos excepcionais) e da bela música (quanta falta me anda a fazer ouvir algo novo), organizar alguns ficheiros, remover atalhos... em última análise o signo deste fim de semana foi... arrumar, arrumar, arrumar... sinto-me de facto mais cansada do que se estivesse a trabalhar, mas até valeu a pena...
O descanso virá agora... na realidade já só vejo o céu, as asas de um avião, só já penso em mais uma viagem, de trabalho é certo, mas será magnífico reencontrar a Sereníssima, a bela Veneza... mas sobre isso irei escrever depois, no meu regresso...
Entretanto, aguardo esse mesmo regresso com uma certa expectativa, na medida em que firmei um acordo que quero cumprir na íntegra, porque de facto nunca se sabe se o futuro não está à espreita, não importa de que tipo ele seja... desde que seja bom!