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2004/12/31


Um Bom Ano de 2005...


2004/12/29


"Não receies o meu nome, deixa-me despojar do manto com que cobres os teus medos e observa o meu rosto claro e doce. Permite-me que te mostre como seria um mundo onde nada nem ninguém morresse, para que descubras o que sempre se soube: que a vida e a morte são o tronco e a raíz da mesma árvore."

2004/12/28

Não / Álvaro de Campos

Não, não é cansaço...
É uma quantidade de desilusão

Que se me entranha na espécie de pensar,
E um domingo às avessas
Do sentimento,
Um feriado passado no abismo...

Não, cansaço não é...
É eu estar existindo
E também o mundo,
Com tudo aquilo que contém,
Como tudo aquilo que nele se desdobra
E afinal é a mesma coisa variada em cópias iguais.

Não. Cansaço por quê?
É uma sensação abstrata
Da vida concreta —
Qualquer coisa como um grito
Por dar,
Qualquer coisa como uma angústia
Por sofrer,
Ou por sofrer completamente,
Ou por sofrer como...
Sim, ou por sofrer como...
Isso mesmo, como...

Como quê?...
Se soubesse, não haveria em mim este falso cansaço.

(Ai, cegos que cantam na rua,
Que formidável realejo
Que é a guitarra de um, e a viola do outro, e a voz dela!)

Porque oiço, vejo.
Confesso: é cansaço!...

2004/12/26

Presente...

Quando ainda mal se adivinhava esta época festiva, já eu puxava do pensamento a recordação de algo para deixar aqui na noite de Natal... de forma quase automática recordei o conto que aqui vos deixei, um dos Novos Contos da Montanha de Torga, uma historiazinha simpática e diferente, cuja leitura recordo com prazer... é engraçado que, antes mesmo de encontrar por estas janelas abertas que é a net este conto, já nascia na minha mente, ao ir buscá-lo às estantes dos arrumos, a missão de o dedilhar e transcrever para este humilde Piropo... fui poupada a esse prazer, mas admito que aproveitei para passear o olhar e recordar mais uma vez estes pequenos contos, com um sorriso...
A quem por cá passou... espero que tenham gostado deste meu presentinho...

2004/12/25

Natal

De sacola e bordão, o velho Garrinchas fazia os possíveis por se aproximar da terra. A necessidade levara-o longe de mais. Pedir é um triste ofício, e pedir em Lourosa, pior. Ninguém dá nada. Tenha paciência, Deus o favoreça, hoje não pode ser – e beba um desgraçado água dos ribeiros e coma pedras! Por isso, que remédio senão alargar os horizontes, e estender a mão à caridade de gente desconhecida, que ao menos se envergonhasse de negar uma côdea a um homem a meio do padre-nosso. Sim, rezava quando batia a qualquer porta. Gostavam… Lá se tinha fé na oração, isso era outra conversa. As boas acções é que nos salvam. Não se entra no céu com ladainhas, tirassem daí o sentido. A coisa fia mais fino! Mas, enfim…Segue-se que só dando ao canelo por muito largo conseguia viver.
E ali vinha de mais uma dessas romarias, bem escusadas se o mundo fosse doutra maneira. Muito embora trouxesse dez réis no bolso e o bornal cheio, o certo é que já lhe custava arrastar as pernas. Derreadinho! Podia, realmente, ter ficado em Loivos. Dormia, e no dia seguinte, de manhãzinha, punha-se a caminho. Mas quê! Metera-se em cabeça consoar à manjedoira nativa… E a verdade é que nem casa nem família o esperavam. Todo o calor possível seria o do forno do povo, permanentemente escancarado à pobreza. Em todo o caso sempre era passar a noite santa debaixo de telhas conhecidas, na modorra dum borralho de estevas e giestas familiares, a respirar o perfume a pão fresco da última cozedura… Essa regalia ao menos dava-a Lourosa aos desamparados. Encher-lhes a barriga, não. Agora albergar o corpo e matar o sono naquele santuário colectivo da fome, podiam. O problema estava em chegar lá. O raio da serra nunca mais acabava, e sentia-se cansado. Setenta e cinco anos, parecendo que não, é um grande carrego. Ainda por cima atrasara-se na jornada em Feitais. Dera uma volta ao lugarejo, as bichas pegaram, a coisa começou a render, e esqueceu-se das horas. Quando foi a dar conta, passava das quatro. E, como anoitecia cedo, não havia outro remédio senão ir agora a mata cavalos, a correr contra o tempo e contra a idade, com o coração a refilar. Aflito, batia-lhe na taipa do peito, a pedir misericórdia. Tivesse paciência. O remédio era andar para diante. E o pior de tudo é que começava a nevar! Pela amostra, parecia coisa ligeira. Mas vamos ao caso que pegasse a valer? Bem, um pobre já está acostumado a quantas tropelias a sorte quer. Ele então, se fosse a queixar-se! Cada desconsideração do destino! Valia-lhe o bom feitio. Viesse o que viesse, recebia tudo com a mesma cara. Aborrecer-se para quê?! Não lucrava nada! Chamavam-lhe filósofo… Areias, queriam dizer. Importava-lhe lá!
E caía, o algodão em rama! Caía, sim senhor! Bonito! Felizmente que a Senhora dos Prazeres ficava perto. Se a brincadeira continuasse, olha, dormia no cabido! O que é, sendo assim, adeus noite de Natal em Lourosa…
Apressou mais o passo, fez ouvidos de mercador à fadiga, e foi rompendo a chuva de pétalas. Rico panorama!
Com patorras de elefante e branco como um moleiro, ao cabo de meia hora de caminho chegou ao adro da ermida. À volta não se enxergava um palmo sequer de chão descoberto. Caiados, os penedos lembravam penitentes.
Não havia que ver: nem pensar noutro pouso. E dar graças!
Entrou no alpendre, encostou o pau à parede, arreou o alforge, sacudiu-se, e só então reparou que a porta da capela estava apenas encostada. Ou fora esquecimento ou alguma alma pecadora forçara a fechadura.
Vá lá! Do mal o menos. Em caso de necessidade, podia entrar e abrigar-se dentro. Assunto a resolver na ocasião devida… Para já, a fogueira que ia fazer tinha de ser cá fora. O diabo era arranjar lenha.
Saiu, apanhou um braçado de urgueiras, voltou, e tentou acendê-las. Mas estavam verdes e húmidas, e o lume, depois dum clarão animador, apagou-se. Recomeçou três vezes, e três vezes o mesmo insucesso. Mau! Gastar os fósforos todos, é que não.
Num começo de angústia, porque o ar da montanha tolhia e começava a escurecer, lembrou-se de ir à sacristia ver se encontrava um bocado de papel.
Descobriu, realmente um jornal a forrar um gavetão, e já mais sossegado, e também agradecido ao Céu por aquela ajuda, olhou o altar.
Quase invisível na penumbra, com o divino filho ao colo, a Mãe de Deus parecia sorrir-lhe.
- Boas festas!- desejou-lhe então, a sorrir também.
Contente daquela palavra que lhe saíra da boca sem saber como, voltou-se e deu com o andor da procissão arrumado a um canto. E teve outra ideia. Era um abuso, evidentemente, mas paciência. Lá morrer de frio, isso vírgula! Ia escavacar o arcanho. Olarila! Na altura da romaria que arranjassem um novo.
Daí a pouco, envolvido pela negrura da noite, o coberto, não desfazendo, desafiava qualquer lareira afortunada. A madeira seca do palanquim ardia que regalava; só de se cheirar o naco de presunto que recebera em Carvas crescia água na boca; que mais faltava?
Enxuto e quente, o Garrinchas dispôs-se então a cear. Tirou a navalha do bolso, cortou um pedaço de broa e uma fatia de febra, e sentou-se. Mas antes da primeira bocada a alma deu-lhe um rebate e, por descargo de consciência, ergueu-se e chegou-se à entrada da capela. O clarão do lume batia em cheio na talha dourada e enchia depois a casa toda.
- É servida?
A Santa pareceu sorrir-lhe outra vez, e o menino também.
E o Garrinchas, diante daquele acolhimento cada vez mais cordial, não esteve com meias medidas: entrou, dirigiu-se ao altar, pegou na imagem e trouxe-a para junto da fogueira.
- Consoamos aqui os três – disse, com a pureza e a ironia dum patriarca. – A Senhora faz de quem é; o pequeno a mesma coisa; e eu, embora indigno, faço de S. José.

Novos Contos da Montanha - Miguel Torga

2004/12/24


E como hoje é véspera de Natal... gostaria de deixar aqui a todos os que me lêem o desejo de muitos Natais felizes, não só hoje, nem amanhã, mas todos os dias... em espírito e vontade, porque é disso que se trata afinal... do espírito e vontade de fazer bem, de acarinhar, de recordar... em resumo, simplesmente de amar aqueles que nos rodeiam, presentes e ausentes, conhecidos e desconhecidos... sem dar demasiada importância ao ter e ao possuir e procurando ignorar toda a mesquinhez que nos pode rodear... porque de facto, é ao fazer aos outros que iremos também fazer bem a nós mesmo...
Beijos de quem quer bem, para quem quer bem...

2004/12/22


At Work...

Ultimamente, dou por mim ao longo do dia a descansar a vista nas folhas das árvores que vislumbro da janela do meu escritório... apesar de se encontrarem relativamente distantes, afiguram-se quase como companheiras diárias de percurso, estação após estação...
Por estes dias, encontram-se ainda recobertas com folhinhas castanho e ouro, agitando-se ao vento que passa brincando por entre elas... São tão bonitas em toda a sua simplicidade... mirá-las, constitui um momento de repouso do espírito, uma breve fuga ao bulício do trabalho e da actividade quotidiana... é um breve sonho permitido... um pequeno salto fora da realidade em que o centro se torna a Natureza e uma das suas pequenas maravilhas... Enquanto escrevo estas letras, vou olhando pela janela e sorrindo para as árvores que lá estão fora... sorrio e aguardo o final do dia... momento em que o sol se junta ao vento e brincam à apanhada por entre os ramos e galhos e as folhas pequeninas, num espectáculo dourado e singelo de alegria...


2004/12/21

What a Wonderful World - Louis Armstrong

I see trees of green, red roses too
I see them bloom for me and you
And I think to myself, what a wonderful world


I see skies of blue and clouds of white
The bright blessed day, the dark sacred night
And I think to myself, what a wonderful world

The colours of the rainbow, so pretty in the sky
Are also on the faces of people going by
I see friends shakin' hands, sayin' "How do you do?"
They're really saying "I love you"
I hear babies cryin', I watch them grow
They'll learn much more than I'll ever know

And I think to myself, what a wonderful world
Yes, I think to myself, what a wonderful world
Oh yeah


Hoje cedo, logo pela manhã, dentro do meu comboio diário, fui brindada por um magnífico nascer do sol em tons de azul, ouro e rosa... foi como sentir a alma renovada em sorrisos mil, em esperanças e sonhos, futuros e presentes... um momento único, singelo e verdadeiro... é bom sentir um nascer do sol assim, espalhando-se lenta e inexorável pelas terras, recortando no fio do horizonte campos, serras, matas e os inevitáveis telhados... momentos assim só a mais perfeita das máquinas pode captar e processar... só o nosso olhar, só a nossa alma...

2004/12/20


Era bom que estas palavras tivessem sempre sentido, significado e se concretizassem... sem dúvida alguma seríamos muito melhores e mais felizes... Vou limitar-me a deixá-las aqui em jeito de reflexão para quem as quiser ler... porque não me sinto com energia para sobre elas dissertar e porque de algum modo estou num momento de descrença... no que diz respeito a amizade pelo menos...

2004/12/19


Um Dia de Chuva

Mais um dia de chuva miudinha e persistente a registar... mas até não foi um dia muito mau... Convocada para fazer umas compras de última hora acabei a andar na rua à chuva, porque fiz de conta que me havia esquecido do chapéu de chuva... Soube bem esvaziar a cabeça dos mil e um pensamentos que circulam a duzentos ou trezentos à hora e simplesmente caminhar, praticamente alheada de tudo e de todos... Soube bem sentir desfazerem-se no rosto qual pequenas agulhas as gotas minúsculas de chuva... Por momentos, a alma sentiu-se livre e lavada, distante de todos os problemas, reais ou imaginários... Foi bom andar à chuva hoje... e ignorar todas aquelas formiguinhas apressadas que acham que o Natal é comprar tudo e mais alguma coisa e que se esquecem das pequenas coisas que podem fazer toda a diferença e que, parecendo que não, podem marcar uma vida e, melhor ainda, são gratuitas e podem ser partilhadas e oferecidas todos os dias... Ah... mas este foi mesmo um dia bom... pelo menos enquanto me "perdi" na chuva que caía na rua... miudinha e fria, e em simultaneo, pacifica e serena, quase acolhedora... fazia-me falta um dia assim... fazia-me falta vários dias assim...

2004/12/16


A Magnólia - Luísa Neto Jorge

A exaltação do mínimo,
e o magnífico relâmpago
do acontecimento mestre
restituem-me a forma
o meu esplendor

Um diminuto berço me recolhe
onde a palavra se elide
na matéria - na metáfora -
necessária, e leve, a cada um
onde se ecoa e resvala.

A magnólia,
o som que se desenvolve nela
quando pronunciada,
é um exaltado aroma
perdido na tempestade,

um mínimo ente magnífico
desfolhando relâmpagos
sobre mim.

2004/12/15

Todo O Tempo Do Mundo - Carlos Tê / Rui Veloso

Podes vir a qualquer hora
Cá estarei para te ouvir
O que tenho para fazer
Posso fazer a seguir

Podes vir quando quiseres
Já fui onde tinha de ir
Resolvi os compromissos
agora só te quero ouvir

Podes-me interromper
e contar a tua história
Do dia que aconteceu
A tua pequena glória
O teu pequeno troféu

Todo o tempo do mundo
para ti tenho todo o tempo do mundo
Todo o tempo do mundo

Houve um tempo em que julguei
Que o valor do que fazia
Era tal que se eu parasse
o mundo à volta ruía

E tu vinhas e falavas
falavas e eu não ouvia
E depois já nem falavas
E eu já mal te conhecia

Agora em tudo o que faço
O tempo é tão relativo
Podes vir por um abraço
Podes vir sem ter motivo
Tens em mim o teu espaço

Todo o tempo do mundo
para ti tenho todo o tempo do mundo
Todo o tempo do mundo

Esta música anda desde ontem a bailar-me no pensamento, provavelmente como resultado inconsciente de uma conversa que tive ontem... uma daquelas conversas especiais que nos fazem bem por um lado e nos despertam para outras realidades por outro... balançam-me estas conversas, mas tornaram-se essenciais para mim, intrínsecas, fundamentais...
Tenho esperança que leias isto e entendas o que quero dizer, sei que sim... e por isso mesmo te dedico estas letras com muito carinho... custa-me sentir-te triste, sentir-te mal... custa-me não te conseguir encontrar tanto como queria, dar-te um abraço, um sorriso... sinto que por vezes as coisas acontecem por motivos que desconhecemos... não sei se será o caso... mas sei antes de mais nada que temos realidades presentes, que esta amizade (poderemos chamar-lhe assim na falta de designação melhor) nunca irá questionar...
Deixo-te ainda uma certeza... que em momento algum quero pensar em deixar de te ler, de saber de ti, não quero perder o teu contacto, aqui ou além... mas sempre presente... assim o desejo, assim o espero! Um beijo para ti que estás desse lado do pc...

2004/12/13

Estranhezas...

Não sei o que se passa comigo hoje... sinto-me profundamente triste sem conseguir conceber uma razão válida para tal... ainda tentei olhar para a rua para me distrair, mas só vi a chuva que cai, as árvores despidas, as poucas folhas já murchas, o céu cinza... escusado será dizer que não melhorei... uma navegação rápida pelos blogs e pelos fóruns não me trouxe nenhum tema para dissertar, ou vontade de o fazer... uma passagem pelo chat, apenas me trouxe de volta a sensação de vazio... ultimamente tem despontado muito, esta flor bizarra com cheiro de solidão, que me invade a alma e o coração...sei que estou rodeada de pessoas que até me querem bem, mas não consigo evitar este sentimento... esta necessidade de sentir um abraço apertado na alma, de saber e ouvir dizer "Gosto de Ti!"... a amizade é um bem precioso e sei que nem sempre digo aos meus amigos o quanto significam para mim, mas há momentos em que "bate" esta absoluta necessidade de sentir que algures por aí alguém me ama... que para esse alguém farei sempre a diferença... se assim não pensasse, nunca teria escolhido o lema que escolhi para este Piropo... mas realmente, hoje sinto-me triste, porque o coração não sente aquilo que deseja, porque não sei quando irei receber um abraço, porque não sei se irei algum ouvir de alguém as palavras or que anseio... é... em última análise é este o único motivo pelo qual me sinto triste hoje... tal como em muitos outros dias... é aquela tristeza já residente, que com o tempo se vai tornando natural, uma pequena grande dor, lá dentro bem funda... chove... e por momentos, apetecia-me sair para a rua e caminhar, numa tentativa de lavar com a água que desce do céu toda esta água salgada que guardo e reprimo cá dentro... definitivamente estou estranha hoje... mas não mais que noutros dias.... simplesmente hoje não consegui aguentar a máscara e deixei escapar um vislumbre daquilo que me assombra... ainsi soit'il...

2004/12/12



2004/12/11

Christmas Time...

Passei uma pequena parte da tarde a fazer embrulhos... é engraçado como este ano perdi um pouco daquela animação que tinha quando miúda... envolver os presentes em papel, dobrar cuidadosamente os cantos, colar a fita, escolher um laço, uma pequena etiqueta com o nome, manuscrita... era assim, todos os anos, um momento de pequena felicidade, a satisfação de algo bem feito, o prazer e expectativa de que alguém fosse gostar da lembrança que havia escolhido... mas as circunstâncias mudam... e este ano sei que perdi um pouco deste espírito, desta alegria e destes pequenos prazeres... acho que nesta época não fica de todo mal dizer que só um pequeno milagre me poderia trazer de volta esta alegria que recordo de outros Natais e que me deixa nostálgica...

2004/12/09

Mais um dia bonito...

E cá temos mais um belo dia de frio... 5º C logo de manhã cedinho na fila para o comboio... Mas é um dia verdadeiramente glorioso, pleno de sol e um céu tão azul como os sonhos... Há dias assim, em que podemos voltar a atrever a sonhar, sem medo, porque o céu é azul e o sol brilha, apesar de um frio que nos congela os dedos, mas não nos atinge nem a alma, nem o coração... porque sonhamos... e depois de um brevíssimo devaneio matinal, que me vai durar para o dia inteiro, lá terei de dedicar umas migalhitas da minha atenção ao trabalho, com a secreta esperança de me conseguir escapulir durante a tarde e levantar vôo rumo ao céu azul...
Um dia bom para quem me ler... depois destes prenúncios matinais, espero manter um dia sem nuvens... verdadeiramente azul...

Epílogo deste dia..

Pela hora de almoço, arranjei um pretexto para sair do trabalho e fui visitar o céu azul e o sol... serviu-me para constatar a azáfama das pessoas nas ditas compras de Natal e fiquei-me pela reflexão de que este período das festas começa cada vez mais cedo, antes de mergulhar num desses centros de comércio para adquirir algumas coisas que me faziam falta... Mas apesar de tudo, foi verdadeiramente um dia azul para mim...

2004/12/07

Gota a Gota / Xutos & Pontapés

Folha a folha vai
O Outono a cair
Letra a letra escrevo
O que hás de ouvir
Longe de ti

Só posso inventar
Olhos nas nuvens
Sempre a mudar
Sentindo o vento
Chuva no ar
No ar ...

Gota a gota cai
A chuva no mar
Passo a passo sei
Onde quero estar

Olhos nos olhos
A mão na mão
Sentindo o vento
Sentindo o chão
Se gosto de ti
Porque não?

2004/12/06


XIV - ALLA LUNA - Giacomo Leopardi

O graziosa luna, io mi rammento
Che, or volge l'anno, sovra questo colle
Io venia pien d'angoscia a rimirarti:
E tu pendevi allor su quella selva
Siccome or fai, che tutta la rischiari.
Ma nebuloso e tremulo dal pianto
Che mi sorgea sul ciglio, alle mie luci
Il tuo volto apparia, che travagliosa
Era mia vita: ed è, nè cangia stile,
O mia diletta luna. E pur mi giova
La ricordanza, e il noverar l'etate
Del mio dolore. Oh come grato occorre
Nel tempo giovanil, quando ancor lungo
La speme e breve ha la memoria il corso,
Il rimembrar delle passate cose,
Ancor che triste, e che l'affanno duri!


2004/12/05

Pain / Reamonn

All these words rushing round inside my head
All these thoughts we held so close and still we never said
All these dreams I can't believe what I would do for you
Holding on is there anything left to loose
There's something beautiful about you but I just can't explain
I found it in the rain I found it in the rain
So much Pain, so much Pain is coming down will you hold me close again, hold me close again.
So much Pain, so much Pain is coming down will you hold me close again, hold me close again.
I cannot understand, I tried so hard to understand all this love
I have for you forever and a day
All these words don't mean much when we turn our backs away
All these thoughts will be crushed if there's nothing left to say
I will not remain silenced by the claim that it hurts
I will fight for love I will fight for what it once was.
There's something beautiful about you but I just can't explain
I found it in the rain I found it in the rain
So much Pain, so much Pain is coming down will youhold me close again, hold me close again.
So much Pain, so much Pain is coming down will you hold me close again, hold me close again.
So much Pain, so much Pain is coming down will youhold me close again, hold me close again.


2004/12/04

Lágrimas ocultas - Florbela Espanca

Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...


E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!


E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...


E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!


2004/12/03


Autumn Song / Dante Gabriel Rossetti

Know'st thou not at the fall of the leaf
How the heart feels a languid grief
Laid on it for a covering,
And how sleep seems a goodly thing

In Autumn at the fall of the leaf?
And how the swift beat of the brain
Falters because it is in vain,
In Autumn at the fall of the leaf
Knowest thou not? and how the chief
Of joys seems--not to suffer pain?
Know'st thou not at the fall of the leaf
How the soul feels like a dried sheaf
Bound up at length for harvesting,
And how death seems a comely thing
In Autumn at the fall of the leaf?


2004/12/01


Um Ano...

Faz precisamente um ano que iniciei este blog, incentivada por alguém que se dedicou a fornecer-me piropos, engraçados, originais, coloridos, todos aqueles que nunca havia recebido antes... Foi algo que me deu prazer criar e manter... e a esse alguém o meu "Muito Obrigada"...
Há alguns meses atrás senti necessidade de ter um espaço onde libertar os meus escritos, como nunca fui pessoa de manter diários escritos, pensei logicamente neste Piropo... é possível que tenha desvirtuado o objectivo inicial do blog, porém, sinto-o cada vez mais como meu... é o refúgio para as minhas letras, os meus pensamentos, um pouco daquilo que gosto, um meio de me revelar a alguns e a mim mesma, o espaço onde sei que por vezes irei encontrar os "recados" daqueles que gosto... um recanto onde a Abobora pode ser algo mais...
Aos que vêm e aos que virão... grazie por estarem aí e aturarem as minhas humildes letras...
Ao meu Piropo... muitos parabéns por ter resistido ao ponto de se tornar quase indispensável... Pela minha parte, vou continuar o meu percurso, vou coninuar a escrever... enquanto a necessidade assim o ditar... ainsi soit'il...