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2005/08/30


"Olha para o céu...apesar de nao parecer ele muda todos os dias..."

2005/08/29

O Último Dia do Verão / José Tolentino de Mendonça

Pois às vezes me falta a quem contar
certo dia dia passado do príncipio ao fim
o encanto que tenha realmente
a insistência do vento ao longo da Foz
aquilo que daria (e eu daria tudo) por compaixão

Nascemos e vivemos só algum tempo
não temos nada
não podemos mesmo na penumbra
decidir a atenção ou o esquecimento
as forças soçobram como vagos motivos
em público
e em qualquer lugar

Por isso sei tão bem o valor
da natureza indiscutível dos teus olhos
onde a luz anota seus aspectos
teus olhos impacientes e irrealizáveis
que me acompanham
agora que sozinho danço
pela cidade vazia

2005/08/26

Férias...

E finalmente chegaram as minhas férias... a partir de hoje e por três semanas vou pôr o trabalho para trás das costas e dedicar-me unica e exclusivamente a recarregar baterias... lazer é a palavra chave, quer se trate de dormir até mais tarde, conversar mais com os amigos, passear por aí sem destino, ler um livro sem interrupções, arrumar o computador, ir ao cinema, visitar um museu, beber um café numa esplanada, sair numa noitada divertida, ou muito simplesmente sonhar, sonhar muito com aquilo que mais prazer dá... desta vez não fiz planos, vou simplesmente deixar correr, deixar acontecer, ao sabor da vontade...
Estou cansada da rotina e mais do que nunca acredito que mereço verdadeiramente estes dias... depois, logo se verá... mas sem dúvida vou estar muito mais resistente... e ainsi soit'il...

2005/08/25


Sensi...

- Vem! Dá-me a tua mão... agarra-te com força, que não te vou soltar nunca, agora que a escuridão da noite te assola não te deixarei só... Nada temas, olha o meu rosto, descobre nos meus olhos o brilho do teu coração... Agora fecha os olhos, calma... confia... eu serei o teu guia... confia que te irei guiar para além desta noite escura que te cobre... irei defender-te das sombras que se atravessarem no teu caminho... vou conduzir-te além deste pesadelo... levar-te para fora dessa teia que os sentidos teceram... vou ajudar-te a superar os teus medos, a ultrapassar as tuas dores... e não receies partilhá-las comigo, porque não te deixarei só, nem te deixarei cair... sempre que precisares, serei o teu apoio, serei a tua força, tal como tu és a minha... Agarra com força a minha mão... caminharemos juntos em direcção à luz... agora e sempre...

2005/08/23

Lettre a un coeur battant

Bonjour mon cœur...
Je sais que tu es loin…
Mais je te demande
Rien d’autre que de rêver.
Souviens toi des jours
Où nos étions ensemble
Sous le bleu ciel
Et les blanches nuages.
Souviens toi des rêves
Et du lit de sombre
Qu’on partageait
Dans les jours de joie.
Rappelle-toi des baisers
Libérés entre les ailles
Des oiseaux criant
Parmi les arbres.
Rappelle-toi des sourires
Nés entre nous
Quand nos bras
Et nos corps étaient unis.
Éveille les moments doux
Quand nos âmes s’envolaient
En tourbillons bleus
Dans la nuit obscure
Et sans limites.
Maintenant mon coeur,
Regard nos mémoires
Et rêve, rêve toujours
Par au delà du temps et la distance
Parce que nous ne sommes
Qu’un seul coeur battant
En harmonie.

2005/08/21

O Amor é o Amor / Alexandre O'Neill

O amor é o amor - e depois?!
Vamos ficar os dois
a imaginar, a imaginar?...

O meu peito contra o teu peito,
cortando o mar, cortando o ar,
Num leito
há todo o espaço para amar!

Na nossa carne estamos
sem destino, sem medo, sem pudor,
e trocamos - somos um? somos dois? -
espírito e calor!

O amor é o amor - e depois?!

2005/08/19



2005/08/18

To the Falling Night...

I will kiss your smile
I will hold your hand
I will caress your body
In a sweet and tender dance...

To the Morning Dew...

I will watch over you
In your gentle sleep
I will give you my care
And my heart complete...

To the Rainbow drops...

I will not say a word
I will not mutter a sigh
I will only give you
My eternal smile...

2005/08/16


Espelho...

Olhei a imagem refletida no espelho... um ligeiro sorriso, uns olhos castanhos refugiados atrás das lentes dos óculos, um rosto banal e pensativo emoldurado por uma franja teimosa que insiste em cair e um cabelo castanho curto levemente arrebitado nas pontas... "És mesmo tu..." - murmurei com os meus pensamentos - "e no entanto, aquilo que vês não é aquilo que os outros vêem... de facto, és uma crítica terrível... não te sabes perdoar os mínimos erros e como tal, afastas-te dos outros para que não percebam aquilo que consideras uma fraqueza... sabes que mais? És uma tola! Liberta-te... vê sozinha aquilo que os outros já descobriram em ti! Esquece os problemas, transforma-os na tua força, no teu poder... porque a verdade é que tu és forte, muito mais forte do que imaginas... és muito mais resistente do que o que essa imagem reflectida transmite... tu és tu! Sempre tu mesma, para o bem ou para o mal..." - sorri com a evocação de tantos outros discursos semelhantes, ditos por outros... amigos, conhecidos, desconhecidos, por aqueles que se tornaram parte de mim, por aqueles que nunca mais voltei a ver, por aqueles que vão e voltam, pelos efémeros, pelos instáveis, pelos certos, pelos de pedra e cal...
Olhei novamente o espelho e ela sorriu-me de volta, certas de que há coisas que são por vezes tão simples que as perdemos de vista, que é preciso dar para receber, mas é sobretudo preciso não ter medo de sentir e de o demonstrar... - "porque pelo menos um primeiro passo já foi dado, já me começo a aceitar como sou... meio calada, meio louca, meio tola, meio sorridente, meio brincalhona com um humor malvado... muitos meios para uma mulher só e uma imagem reflectida no espelho não é? Mas só custa o primeiro passo" - e pisquei-lhe o olho, cúmplice...

2005/08/15


O meu simpático e fotogénico vizinho...

2005/08/14

Desperta com o sol... / Fernando Pessoa

Desperta com o sol, com a madrugada,
Desperta com o dia que aparece;
Sê com o orvalho e a luz recém-nascida
Mas, ao contrário deles, permanece.

As névoas se desprendem do que és;
Elas são só o que podemos ver.
Vem e entra nos nossos corações
E deixa aí a vida acontecer.

A manhã pertence ao mundo vazio;
Os homens aqui não chegam tão cedo.
Vem e deixa a vida desprender-se
Lenta, de ti, tal como o medo.

E em teu ser terrível nada mais:
Apenas tu, sem corpo nem alma, assim.
Verte o teu bálsamo na fronte triste
E faz a esperança cumprir-se em mim!

2005/08/12


Dust In The Wind

I close my eyes
Only for a moment, then the moment's gone
All my dreams
Pass before my eyes, a curiosity
Dust in the wind
All they are is dust in the wind

Same old song
Just a drop of water in an endless sea
All we do
Crumbles to the ground, though we refuse to see
Dust in the wind
All we are is dust in the wind, ohh

Now, don't hang on
Nothing lasts forever but the earth and sky
It slips away
And all your money won't another minute buy
Dust in the wind
All we are is dust in the wind
All we are is dust in the wind

Dust in the wind
Everything is dust in the wind
Everything is dust in the wind

2005/08/10


2005/08/09

Chuva em Agosto...

Está a chover! Olhei agora de repente pela janela e chove, chove, chove... como só poderia acontecer num dia que havia despertado tão cinzentinho e amarfanhado... depois de dois ou três dias de calor tórrido, isto... a pobre Natureza anda memso baralhada nestes últimos tempos... mas admito que esta chuva, apesar de pouca, porque não acredito que vá durar muito mais que um dia ou dois, vai saber bem.. vai pelo menos servir para refrescar o ambiente e, em última análise, para acalmar os ânimos...
Está a chover! Gotas de pontaria certeira em direcção à terra, tão directas e direitas que quase se podem observar com fio de prumo... passa uma criatura a correr, abrigando-se precariamente numa pequena pasta de documentos, numa janela apanha-se à pressa a roupa quase seca, abrigam-se almas na paragem de autocarros à espera do momento de embarcar de novo no seu passeio enxuto...
Está a chover agora! E só por causa das dúvidas, já resgatei do fundo da gaveta da secretária, um chapéu de chuva mínimo, que me há-de permitir, pelo menos, manter as lentes dos óculos secas até chegar a casa... porque fossem outras as circunstâncias e o que esta chuva pedia era um passeio, no campo, na praia, nas ruas molhadas, refrescando os sonhos e criando sorrisos e gargalhadas a cada poça de água ultrapassada...
Está a chover!

2005/08/08

O Cabelo...

Ficaram parados a olhar-se por uns instantes, antes de lhe dar um leve beijo no rosto. Sorriram e um novo beijo se seguiu, menos tímido. Estavam bem juntos. Juntaram os lábios e as respirações num novo beijo. Abraçaram-se. Exploraram delicadamente os rostos, descobrindo o percurso até ao pescoço. Um beijo rápido no lóbulo da orelha, acordou um sorriso mais aberto. Fechou os olhos e aspirou profundamente antes de murmurar "cheira bem o teu cabelo...". Acariciou-lhe lentamente a cabeça, seguindo a linha dos seus cabelos, nem longos, nem curtos. Cheirou-os novamente e envolveu-os com as mãos, sentindo-lhes o peso e o volume. E foi então que mergulhou sem aviso nas ligeiras ondas daquele mar castanho que se estendia pelas costas dela... e neles se perdeu para sempre.

2005/08/06


A Culpa é da Vontade / António Variações

a culpa não é do sol
se o meu corpo se queimar
a culpa não é do sol
se o meu corpo se queimar
a culpa é da vontade
que eu tenho de te abraçar

a culpa não é da praia
se o meu corpo se ferir
a culpa é da vontade
que eu tenho de te sentir

a culpa é da vontade que vive dentro de mim
e só morre com a idade
com a idade do meu fim
a culpa é da vontade

a culpa não é do mar
se o meu olhar se perder
a culpa é da vontade
que eu tenho de te ver

a culpa não é do vento
se a minha voz se calar
a culpa é do lamento
que suporta o meu cantar

a culpa é da vontade que vive dentro de mim
e só morre com a idade
com a idade do meu fim
a culpa é da vontade

2005/08/05

O Fogo...

Cheira a fumo, pairam cinzas pelo ar, o céu e o sol estão encobertos pela névoa escura proveniente dos fogos... repete-se o ciclo dos fogos neste país, algo que, infelizmente, se vai tornando um hábito... um triste fruto de muito anos de irresponsabilidade, inconsciência e falta de visão e concretização de medidas... aparentemente só quando não houver mais nada para queimar é que vão perceber os erros crassos cometidos, o crime brutal que deixaram acontecer, ao contribuir para hipotecar mais um pouco o futuro, mas quando perceberem de facto, talvez já seja tarde demias para remediar, para refazer, para reconstruir... é triste isto... é triste... é triste...

2005/08/03

Besame Mucho / Consuelo Velazquez

Bésame, bésame mucho,
Como si fuera esta noche la última vez.
Besame, besame mucho,
Que tengo miedo perderte,
Perderte otra vez.

Quiero tenerte muy
Cerca, mirarme en tus
Ojos, verte junto a mí,
Piensa que tal vez
Mañana yo ya estaré
Lejos, muy lejos de ti.

Bésame, bésame mucho,
Como si fuera esta noche la última vez.
Bésame mucho,
Que tengo miedo perderte,
Perderte después.

2005/08/02


Na noite...

Chegou a casa tarde, já há muito que havia escurecido. Cansada de mais um dia de trabalho, sem objectivo, sem propósito, despiu-se e procurou relaxar e esquecer...
Era uma noite escura e ventosa, como tantas outras. Ela aproximou-se da janela e ficou a olhar a Lua, serena e tranquila, disco de prata brilhante em veludo azulescuro. Aqui e além ainda se vislumbravam algumas estrelas a brilhar, pequenos pontos de luz a lutar contra o negrume do céu e a luminosidade amarela do mercúrio da cidade. Em silêncio, ficou a olhar a noite, com o telemóvel firmemente agarrado nas mãos frias, como se esperasse algo ou se preparasse para enviar uma qualquer mensagem. Então, num movimento lento, pousou o telemóvel na secretária e abriu a janela. Ficou assim, aparentemente frágil, olhar perdido no escuro, pensamentos em fúria, alma inquieta, cabelos a esvoaçar pelo rosto batido pelo vento.
Ao erguer o olhar para o luar, sorriu. Quase adivinhava que algures, outro alguém fazia o mesmo que ela: "penso em ti, pensas em mim, pensamos em nós"... olhava a noite, alimentava a esperança, preces emudecidas pela escuridão, em uníssono, dois olhares perdidos, duas almas simples, para sempre unidas num abraço, para além da realidade... como só almas gémeas podem estar...

2005/08/01

Conquista / Miguel Torga

Livre não sou, que nem a própria vida
Mo consente
Mas a minha aguerrida
Teimosia
É quebrar dia a dia
Um grilhão da corrente.

Livre não sou, mas quero a liberdade.
Trago-a dentro de mim como um destino.
E vão lá desdizer o sonho do menino
Que se afogou e flutua
Entre nenúfares de serenidade
Depois de ter a lua!