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2005/02/28

Transidos...

O Frio... voltou cavalgando o vento, numa investida gélida, que atravessa a alma e congela até o mínimo pensamento... Observa-se os seres na rua tentando resistir-lhe, agarrando com força os agasalhos, mas curvando-se perante o seu poder, quais Atlas carregando o peso do mundo nos ombros... também eu o combati, protegida por uma casca de burel, qual peregrino medieval atravessando uma floresta densa ou uma planície inóspita em pleno Inverno, até atingir o seu destino, rosto coberto por profundo capucho, ocultando pensamentos e observações...
Apesar de agreste e violento, este é, todavia, um Frio suportável... outros há, que mais profundos estragos fazem, de forma talvez mais sub-repticia... lembro-me do silêncio, por exemplo... sinuoso e invisivel, que se insinua entre os seres, sem notícia, sem razão... é esse frio silencioso que temo por vezes, mesmo sabendo que a melhor protecção contra tal é a amizade, é o amor...
Já no aconchego do escritório, volto a observar os seres que passam, perseguidos implacavelmente pelo Frio... arrepio-me e pergunto-me que outros frios trarão com eles, criaturas fortes e simultaneamente frágeis, que povoam este espaço e este tempo...

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