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2005/10/31

Hoje...

Aproveitei uma aberta entre os aguaceiros que vão tombando e decidi ir um pouco mais além para ir almoçar. Estranhamente, soube-me bem sair para a rua depois da chuva, observar os regatos que se formam no asfalto, as folhas molhadas. Mas o melhor de tudo, melhor que as cores brilhantes e vivas do ambiente recém-molhado, melhor até que o almoço ainda fumegante e o seu aroma, foi voltar a escrever...

2005/10/30


Mudança de Hora...

Mudou a hora este fim de semana e com ela mudaram mais algumas pequenas coisas... sei que durante alguns meses já não vou ver o céu estrelado e a noite ainda escura logo após o acordar... sei que durante alguns meses não vou assistir ao nascer do sol atrás do alto campanário da igreja quando fôr no comboio... sei que durante alguns meses não vou ver o pôr do sol da minha janela, porque vou chegar a casa quando já for escuro... sei, no entanto, que tudo isto regressará daqui a uns meses, com o passar do tempo e o suceder das estações... mas sei também que, apesar de haver coisas que desejo que regressem quando a hora voltar a mudar, há outras coisas, vivências e situações que gostaria que ficassem para sempre atrasadas, esquecidas, como os ponteiros de um relógio avariado...

2005/10/29

Lido...

"Alguns apaixonados são pessimistas quanto ao seu destino individual, mas nunca questionam o sol e demais astros que movem o sentimento amoroso na sua e em todas as épocas. (...) Mas o apaixonado tem medo, pois amar sem medo é um passatempo ocioso. O amor amotina o corpo todo, esmigalha os ossos, transforma a alma num joguete. Ninguém avança assim sem medo. Mas o medo só em momentos muito intermitentes afasta o apaixonado da paixão. Depois, num ápice, num acaso, numa esquina imprevista, a estopa chega-se ao fogo e o amor não tem retorno. Até que se consome. Até que se consuma. Um rosto de repente necessário, uma voz inevitável, um sorriso inesquecível, um gesto o mais luminoso dos gestos. Num ápice, o medo é igual ao inexplicável sentido de tudo, e há uma pessoa, uma única pessoa em todo o mundo, pela qual abandonamos o cepticismo, ignoramos a inconveniência, desprezamos o sarcasmo, suportamos a incompreensão, aceitamos o sofrimento como se fosse comunhão em espécie. (...) O medo do amor e o amor são uma e a mesma coisa. É o único destino humano decente, o único destino humano aceitável. Aceitar o mundo e aceitar o mdo, como se este fosse o nosso único nascimento."

Crónica de Pedro Mexia, "O Medo do Amor", em O Spleen do Século, Grande Reportagem nº 251...

2005/10/26


Caneta sem Tinta...

2005/10/25

Pensamentos à solta...

Hoje de manhã, ainda noite escura, percebi logo que o dia não ia ser igual aos outros... não conseguia ver as estrelas, mas também não se notavam as silhuetas das nuvens... logo, era sinal de nevoeiro denso e um pouco mais de frio... de facto, a marca do Outono já é bem clara, apesar de ainda olharmos pessoas que procuram desesperadamente preservar uma memória do calor vestindo-se como se estivessem no pino do Verão e mantendo a indecisão por mais alguns dias até cederem finalmente à realidade das estações, cada vez mais indefinidas...

2005/10/24

Uma Sugestão...

Observar o reflexo da criatividade alheia pode ser um bom exercício para quem gosta de diferenças... tomo assim, a liberdade de sugerir, a quem gostar de Moda e seja de Lisboa a perder alguns minutos e a "espreitar" a exposição dos trabalhos de final de curso de um grupo de jovens e talentosos futuros designers...
Ao dispôr dos olhares no auditório do Metropolitano de Lisboa, na estação do Alto dos Moinhos, até ao dia 28 de Outubro, entre as 14h00 e as 19h30...

2005/10/23

Goodbye my Lover / James Blunt

Did I disappoint you or let you down?
Should I be feeling guilty or let the judges frown?
'Cause I saw the end before we'd begun,
Yes I saw you were blinded and I knew I had won.
So I took what's mine by eternal right.
Took your soul out into the night.
It may be over but it won't stop there,
I am here for you if you'd only care.
You touched my heart you touched my soul.
You changed my life and all my goals.
And love is blind and that I knew when,
My heart was blinded by you.
I've kissed your lips and held your head.
Shared your dreams and shared your bed.
I know you well, I know your smell.
I've been addicted to you.

Goodbye my lover.
Goodbye my friend.
You have been the one.
You have been the one for me.

I am a dreamer but when I wake,
You can't break my spirit - it's my dreams you take.
And as you move on, remember me,
Remember us and all we used to be
I've seen you cry, I've seen you smile.
I've watched you sleeping for a while.
I'd be the father of your child.
I'd spend a lifetime with you.
I know your fears and you know mine.
We've had our doubts but now we're fine,
And I love you, I swear that's true.
I cannot live without you.

Goodbye my lover.
Goodbye my friend.
You have been the one.
You have been the one for me.

And I still hold your hand in mine.
In mine when I'm asleep.
And I will bear my soul in time,
When I'm kneeling at your feet.
Goodbye my lover.
Goodbye my friend.
You have been the one.
You have been the one for me.
I'm so hollow, baby, I'm so hollow.
I'm so, I'm so, I'm so hollow.

2005/10/20

Since Feeling is First / e.e.cummings

since feeling is first
who pays any attention
to the syntax of things
will never wholly kiss you;

wholly to be a fool
while Spring is in the world

my blood approves,
and kisses are a far better fate
than wisdom
lady i swear by all flowers. Don't cry
--the best gesture of my brain is less than
your eyelids' flutter which says

we are for eachother: then
laugh, leaning back in my arms
for life's not a paragraph


And death i think is no parenthesis

2005/10/19


Em audição atenta... um tanto ou quanto triste, mas sem sombra de dúvida, muito inspirado...

2005/10/18

Ao Passar um Navio / Delfins

Todas as vozes
de todos os mundos
devem cantar
para sempre assim

e cedo passa a hora
e o sonho que tarda
e essa voz que chora
é só porque sabe...

que ao passar um navio
fica o mar sempre igual
ao passar uma vida
fica o sonho sempre igual

todas as vezes
em todos os mundos
devia amar-te
para sempre assim

e loge vai a hora
e o sonho que tarda
e essa voz que chora
é só porque sabe...

que ao passar um navio
fica o mar sempre igual
ao passar uma vida
fica o sonho sempre igual

vou passar um navio
ver o mar sempre igual
vou gastando uma vida
que o meu sonho é sempre igual!

2005/10/17



Marés...

Por vezes, precisamos de um momento de silêncio, de buscar em nós mesmos um refúgio do mundo para remendar as ideias, perceber respostas e retomar o rumo... e sobretudo, voltar a confiar, a crer... é na sequência desses momentos que percebemos que os laços que criamos são um pouco como as marés... umas vão e logo outras virão, em vagas sucessivas e definidas... de umas nunca mais nos lembramos, de tão ligeiras e breves, outras deixam despojos atrás de si, a marca da sua existência na areia que somos... e mesmo os despojos podem ser de natureza diversa... uns serão somente destroços que procuramos esquecer ou esconder bem fundo na memória, outros são pequenos tesouros que acarinhamos para todo o sempre, pela sua beleza e raridade... de uma forma ou de outra deixam ambos uma prova da sua existência, da sua passagem em nós... e com o tempo, percebemos que somos como dunas... dependendo do poder das marés, seremos fortalecidas ou seremos mais frágeis... mas iremos resistir até ao limite... sempre na esperança que um dia a maré traga com ela o navio que nos é destinado...

Nota: Aqui fica o meu agradecimento a todos os que deixaram o seu gentil comentário ao post anterior, na certeza de que todas as palavras foram bem vindas para ultrapassar mais uma tempestade interior... doce Diospiro, moçoila Isabel, gentil Laura, simpático mfc, anónimo (Anónimo)... Obrigada!

2005/10/14

Cliché...

Dizem os clichés que a amizade é um bem precioso que se conquista e deve ser cultivada para perdurar... frases e ideias feitas aparte, um facto é, que não é possível forçar uma amizade, impôrmo-nos a alguém que o não deseje, que não esteja predisposto a tal ou minimamente interessado... um segundo facto será, que ultimamente, parece que "aposto" nos laços errados, ou que, apesar de criar algumas "pontes" não as consigo concluir, ou cultivar, se preferirem...
Confronto-me com uma incapacidade de aprofundar conhecimentos e de aproveitar portas abertas... sinto que, talvez devido ao meu estado de espírito ou algumas decepções pelo caminho, perdi uma boa parte da capacidade de confiar e relacionar com os outros... e isso está a deixar-me um pouco mais isolada, porque não consigo descortinar uma forma de reagir contra isso...

2005/10/13

Nota Mental I:
As manhãs já estão mais frias... senti-o perfeitamente enquanto esperava o comboio...
_ _ _
Nota Mental II:
Ao final do dia já sabe bem
um agasalho, arrefece rapidamente...
_ _ _
Conclusão Óbvia:
Talvez por influência da gripe, sinto que este ano estou mais sensível ao frio, começar a utilizar um casaco mais fechado ou uma echarpe para proteger o pescoço começa a parecer uma excelente ideia...

2005/10/11


Reflexões...

Três dias de chuva de Outono têm, este ano, muito mais significado depois dos largos meses de seca que atravessamos e dos quais ainda não estamos livres... esta pouca chuva, espera-se que seja um bom prenúncio de um Inverno bem molhado, que permita repor minimamente as reservas de agua, já tão escassas...
Até gosto dos dias de chuva, excepto quando, nessas alturas, tenho de sair do aconchego da casa para me deslocar para o trabalho, sujeitando-me a passar um dia inteiro com a humidade entranhada no corpo, depois de batalhar com um cantinho mais seco num qualquer transporte público...
Hoje ao almoço, senti necessidade de sair do escritório para refrescar ideias e esticar as pernas, depois de uma manhã intensa de trabalho... preparava-me para regressar depois de uma passagem pela livraria para "mirar" as novidades e juntar mais algum título à lista, quando começou a chover... mas não era uma chuva normal de Outono, era uma verdadeira torrente de água, uma cortina quase opaca que se formava compacta, lá fora... fiquei por ali um bocado, abrigada, à espera que passasse ou diminuisse de intensidade, e fui observando as pessoas em meu redor, aqueles que esperavam placidamente uma aberta, os que, armados de chapeu de chuva, seguiam indiferentes, e aqueles que, mesmo sem protecção, avançavam intrépidos para uma molha certa... quando surgiu o momento certo também eu fui, avançando pelo meio do parque de estacionamento até ao meu destino, evitando as poças de água, as árvores pejadas de gotículas e, sobretudo, os senhores automobilistas, que se deslocavam através do asfalto encharcado sem dó nem piedade pelos que tentavam chegar menos molhados ao outro lado...
São assim mesmo os dias de chuva...

2005/10/08

Don't Explain / Billie Holiday

Hush now, don't explain
There ain't nothing to gain
Well I'm glad that you're back
But don't explain

Quiet baby, don't explain
You know there ain't nothing to gain
Skip that lipstick
Don't explain

You know that I love you
And what love endures
All my thoughts are of you
I am so completely yours

Don't wanna hear nobody chatter
'Cause I know you cheat
Right or wrong, it don't matter
When you're with me sweet

Hush now, don't explain
You are my joy
And you're my pain
My life is your love
So don't explain

You know that I love you
And what love endures
All my thoughts are of you
I am so completely yours

Don't wanna hear folks chatter
'Cause I know you cheat
Right or wrong, don't matter
When I'm with you sweet

Hush now, don't explain
No, you're my joy and you're my pain
My life is yours love
Don't explain

2005/10/07

Nascer...

Ultimamente, não sei se por influência do espírito do Outono, tenho prestado mais atenção às cores dos dias... talvez por isso tenha deixado aqui, com uma certa recorrência, algumas das imagens que me prenderam o olhar, em especial ao final do dia, em que as cores e as sombras mágicas do por do sol invadem a alma dos sonhadores...
Hoje, porém, durante a minha breve viagem de comboio em direcção ao local de trabalho, fui verdadeiramente brindada com um daqueles nascer do sol que fazem acreditar, a quem ainda presta atenção a estas pequenas maravilhas, que valeu a pena acordar cedo...
Um céu azul claro e aquoso como um olhar recém-nascido, polvilhado de mil e uma pequenas nuvens esfarrapadas, algodão suspenso. Ao fundo, na linha do horizonte, uma faixa compacta de nebulosidade cinza. E de repente, por detrás desta linha, surge o Sol, círculo definido de fogo laranja, espreguiçando lentamente os seus raios, incendiando o céu e o seu leito cinza, transformando em filamentos iluminados as pequenas nuvens semeadas no seu caminho quente...
Por esta vez não tinha a máquina comigo para registar este momento e, assim sendo, restaram-me as letras para gravar esta memória de esplendor, tão breve mas tão fabuloso, que até é possível acreditar que o Sol, se escondeu logo de seguida, com vergonha de ter sido visto...

2005/10/04

XIV / Emily Dickinson

If thou must love me, let it be for nought
Except for love's sake only. Do not say
"I love her for her smile−−her look−−her way
Of speaking gently,−−for a trick of thought
That falls in well with mine, and certes brought
A sense of pleasant ease on such a day" −
For these things in themselves, Beloved, may
Be changed, or change for thee,−−and love, so wrought,
May be unwrought so. Neither love me for
Thine own dear pity's wiping my cheeks dry, −
A creature might forget to weep, who bore
Thy comfort long, and lose thy love thereby!
But love me for love's sake, that evermore
Thou may'st love on, through love's eternity.

2005/10/02