<$BlogRSDUrl$>

2005/05/31


Uma flor... rubro-escuro aveludado como um coração que bate no peito...

2005/05/30

Bom dia...

Acordei cedo hoje... e consegui vestir-me de um optimismo estranho... estava frio mas não me preocupei muito com isso, atrasei-me mas não fiz disso um grande problema, simplesmente acelerei o passo em direcção ao comboio matinal... entrei no primeiro que passou em direcção ao meu destino e, por não ter esperado pelo comboio do "costume", viajei como uma sardinha enlatada, mas não me importei muito com isso... depois, fiquei à espera quase meia-hora pelo autocarro, que falhou o horário normal e quando chegou vinha repleto... quando finalmente cheguei ao meu destino, fui calmamente desfrutar do meu momento de serenidade ao tomar o meu pequeno-almoço... mas o melhor de tudo é que consegui chegar ao trabalho antes das nove... sem stress... espero que seja o prenúncio de uma boa semana, veremos... porque, apesar de tudo, hoje o céu está azul, polvilhado de algodão em rama e os jacarandás já estão a florir...

2005/05/29


Simplicidade em tons de branca pureza... querem-se aos molhos...

2005/05/28

Reflexões...

Ok... estou preocupada... admito...
Estou preocupada porque tenho mil e uma ideias a fervilhar cá dentro do miolo e não lhes consigo dar forma, dar consistência suficiente para as publicar aqui... daí o ter-me refugiado ultimamente nas palavras alheias e nas imagens próprias...
Sinto que me falta algo... um incentivo, um objectivo, ou simplesmente um pouco de paz interior... talvez seja mesmo isso... esse conceito tão vasto e tão abrangente que é a paz interior... mas pensando bem, até é perfeitamente possível... algumas preocupações em casa, várias no trabalho, uma certa insatisfação... aquelas pequenas coisas que por vezes nos caiem no colo todas ao mesmo tempo, fazendo-nos esquecer por alguns momentos tudo aquilo que também pode ser importante e, sem dúvida, muito melhor e mais divertido... um sorriso, um abraço, uma manifestação de amizade, uma história, uma imagem, uma simples flor... ou mesmo uma conversa que nos coloca de novo na perspectiva certa, nos pisca um olho e nos acerta o rumo...
Foi bom ter escrito isto... a sério! É engraçado como ao longo de meia dúzia de linhas pode mudar um estado de espírito, pelo simples facto de "despejar" aqui algumas das ideias que andam a fermentar cá dentro... mais virão... mas amanhã... amanhã será mais uma imagem... sim, que isto de me armar em fotógrafa amadora tem de dar alguns "frutos"...
Ainsi soit'il... e até amanhã!!! :o)

2005/05/26

A boca / Eugénio de Andrade

A boca,
onde o fogo
de um verão
muito antigo cintila,
a boca espera
(que pode uma boca esperar senão outra boca?)
espera o ardor do vento
para ser ave e cantar.

Levar-te à boca,
beber a água mais funda do teu ser
se a luz é tanta,
como se pode morrer?

2005/05/24


Nota: Cliquem sobre a imagem para melhor visualização do texto.

2005/05/23

Cien Sonetos de Amor XLIV / Pablo Neruda

Sabrás que no te amo y que te amo
puesto que de dos modos es la vida,
la palabra es un ala del silencio,
el fuego tiene una mitad de frío.

Yo te amo para comenzar a amarte,
para recomenzar el infinito
y para no dejar de amarte nunca:
por eso no te amo todavía.

Te amo y no te amo como si tuviera
en mis manos las llaves de la dicha
y un incierto destino desdichado.

Mi amor tiene dos vidas para amarte.
Por eso te amo cuando no te amo
y por eso te amo cuando te amo.

2005/05/22


Bem lá no alto observo o mundo que passa...

2005/05/21



2005/05/20

Beautiful / Mandalay

You can depend
On certainty
Count it out and weigh it up again
You can be sure
You've reached the end
And still you don't feel

You know about anything

Do you know you're beautiful
Do you know you're beautiful
Do you know you're beautiful
You are, yes you are

You can ignore
What you've become
Take it out and see it die again
You can be here
For who's a friend
And still you don't feel

You know about anything

Do you know you're beautiful
Do you know you're beautiful
Do you know you're beautiful
You are, yes you are

Innermost thoughts
Will be understood and
You can have all you need

Do you know you're beautiful
Do you know you're beautiful
Do you know you're beautiful
You are, yes you are


Esta foi a minha companhia ontem à noite...

2005/05/19


A sepal, petal, and a thorn / Emily Dickinson

A sepal, petal, and a thorn
Upon a common summer's morn—
A flask of Dew—A Bee or two—
A Breeze—a caper in the trees—
And I'm a Rose!

2005/05/18

Reflexões...

Gosto destes dias assim, de céu azul e brilhante, de sol... mas gostaria ainda mais se os pudesse apreciar realmente fora do escritório, lá fora no campo, que, bem vistas as coisas, está mesmo aqui ao lado...
Nestes dois últimos dias, tive de me deslocar, em trabalho, aos arredores de Lisboa... mas arredores a cerca de quinze minutinhos de viagem, nada de mais... alguns poucos quilómetros que, por estranho que pareça, me fizeram entrar num mundo completamente diferente... foi engraçado perceber como os limites entre a cidade e o campo, o urbano e o rural, podem estar bem mais próximos do que pensamos... num momento, alguns prédios, algumas casas, no momento seguinte, campos verdes, cultivados, hastes e espigas ondulando ao vento, animais nos pastos, pássaros a esvoaçar... Bastaram meia dúzia de quilómetros em alguns minutos, para reencontrar memórias e sentir vontade de fugir do escritório e passear sem destino...
Mas, apesar de tudo, passei pelo que é considerado arredores da cidade, logo até seria de esperar este tipo de mudanças... muito mais piada tem, descobrir de repente uma quinta bem no meio da cidade, bem no meio da selva de betão... e isto existe, basta olhar com atenção, que é coisa que as pessoas nem sempre sabem fazer, de tão submersas nos seus objectivozinhos pessoais... quem for de Lisboa, quando, por um acaso, passar junto do Colombo, olhe bem... pode ser que veja o campo de trigo (ou cevada, não sei) ondulando ao vento, emoldurado por oliveiras centenárias... está lá... basta olhar...

2005/05/17



2005/05/16

Ela chegou...

Ela chegou, devagar, sorrateira... e atacou-me à traição! Foi impiedosa e violenta, derrubou-me de um só golpe, deixando-me totalmente à sua mercê... por causa dela, recolhi sem remédio ao vale de lençóis, depois de tentar resistir estoicamente a esta investida... arrastei-me penosamente pela vida durante o dia de sábado até soçobrar, mas iniciei a recuperação no domingo... hoje, reuni as forças e mobilizei as hostes e vim trabalhar... só no final do dia saberei os reais efeitos desta aventura... mas vou resistir! Sempre! Maldita constipação... não me vais derrotar!!!

2005/05/15




Pormenores coroados de tons de rosa...

2005/05/13

Ninguém meu amor / Sebastião Alba

Ninguém meu amor
ninguém como nós conhece o sol
Podem utilizá-lo nos espelhos
apagar com ele
os barcos de papel dos nossos lagos
podem obrigá-lo a parar
à entrada das casas mais baixas
podem ainda fazer
com que a noite gravite
hoje do mesmo lado
Mas ninguém meu amor
ninguém como nós conhece o sol
Até que o sol degole
o horizonte em que um a um
nos deitam
vendando-nos os olhos

2005/05/12

Viagem / António Gedeão

Aparelhei o barco da ilusão
E reforcei a fé de marinheiro.
Era longe o meu sonho, e traiçoeiro
O mar...
(Só nos é concedida
Esta vida
Que temos;
E é nela que é preciso
Procurar
O velho paraíso
Que perdemos).
Prestes, larguei a vela
E disse adeus ao cais, à paz tolhida.
Desmedida,
A revôlta imensidão
Transforma dia a dia a embarcação
Numa errante e alada sepultura...
Mas corto as ondas sem desanimar.
Em qualquer aventura,
O que importa é partir, não é chegar.

2005/05/11

Soneto / Fernando Pessoa

Pudesse o que penso exprimir e dizer
Cada pensamento oculto e silente,
Levar meu sentir moldado na mente
A ser natural perante o viver;

Pudesse a alma verter, confessar
Os segredos íntimos em meu ser;
Grande eu seria, mas não pude aprender
Uma língua bem, que expresse o pesar.

Assim, dia e noite novo sussurrar,
E noite e dia sussurros que vão...
Oh! A palavra ou frase em que atirar

O que penso e sinto, acordando então
O mundo; mas, mudo, não sei cantar,
Mudo como as nuvens antes do trovão.

2005/05/10


As Asas do Amor / Galês, tradição oral

Longe é a estrada dos meus amores
alta a montanha a meio do caminho.
Na minha demanda manda o desejo:
É breve a viagem, suave a subida.

2005/05/09

Estou...

Estou cansada... hoje tive de ficar até mais tarde no trabalho, já está tudo vazio e contam-se pelso dedos as pessoas que cá ficaram... estou cansada... muito cansada... há dois dias que não consigo ter um sono descansado... acordo de repente durante a noite, sobressaltada... sinto uma vontade estranha de me refugiar no silêncio, de me isolar do mundo... de ficar só com os meus pensamentos mais queridos... estou cansada... mas são poucos os que vão entender o que realmente sinto... estou cansada...

2005/05/08


Vermelha ou branca? Não interessa... simplesmente rosa...

2005/05/07


Deixei passear o olhar no silêncio das nuvens...

2005/05/06

Confiança / Miguel Torga

O que é bonito neste mundo, e anima,
É ver que na vindima
De cada sonho
Fica a cepa a sonhar outra aventura...
E que a doçura
Que se não prova
Se transfigura
Numa doçura
Muito mais pura
E muito mais nova...

2005/05/05


O Miúdo...

Hora de almoço, estavas a terminar o café no balcão quando eles entraram... uma mulher apressada, com ar e voz de quem está habituada a comandar e a ser obedecida, que arrastava pela mão um rapazinho, miudinho e franzino, não mais de seis ou sete anos, quase uma trouxa de roupa com pernas e uma mochila quase tão grande como ele...
Ela dirigiu-se ao balcão, exigindo urgência no atendimento do pedido e suscitando olhares de esguelha em quem estava à espera e em quem atendia do outro lado do balcão, soltou a mão franzina do miúdo, que ficou ali, momentaneamente esquecido no meio do café repleto de gentes...
Dedicaste-te a observá-lo, prolongando o café... estava especado a olhar para a máquina dos brindes, cheia de globos brilhantes contendo pequenos brinquedos... um quase sorriso bailava no rosto triste de menino pequeno, alheado de tudo, do movimento, das pessoas, da voz irritante da mãe... olhos abertos e claros que descobriam dentro daquela caixa mil e um tesouros desejados...
Aproximou-se lentamente da máquina, quase a medo, até encostar as mãos no acrílico que o separava das bolas transparentes, até o bafo da sua respiração desenhar uma marca redonda de condensação... ficou a olhar por mais uns momentos, até começar a remexer nos bolsos, em busca da moeda desejada, que não encontrou... e uma sombra depositou-se sobre o seu rosto pequeno... ficou a olhar a abertura por onde saíam os brindes e, quase instintivamente, rodou o manípulo que comandava a máquina... uma vez, duas vezes... algo mexeu dentro da cuba dos brinquedos, um ruído surdo de rebolar e na abertura apareceu uma bola... brilhante, transparente, com uma figurinha lá dentro... os olhos abertos do garoto brilhavam de espanto, sorriam, interrogavam-se que maravilha seria esta que lhe oferecia um presente... agarrou o globo e estava a olhá-lo, extasiado, quando ela o gritou: "Pedro! O que é isso??? Larga imediatamente!!!"
A bola rolou pelo chão, quando a soltou, assustado, despertado brutalmente de um sonho delicioso, pelo tom estridente e duro da mulher que o repreendia sem ele compreender porquê... uma sombra escureceu-lhe os olhos e deixou cair os braços ao longo do corpo, como numa renúncia, enquanto ela continuava o seu discurso moralista, sem sequer o deixar explicar o pequeno "milagre" que tinha acontecido...
Quando ela o agarrou por um braço e o começou a abanar, achaste que era demais, sentiste que tinhas de reagir de alguma forma... ninguém devia esmagar daquela forma uma criança... respiraste fundo para te controlares e disseste alto, com toda a calma que conseguiste reunir: "Fui eu que lhe dei a bola, minha senhora!" As tuas palavras soaram como um tiro no meio do silêncio incómodo que se tinha instalado perante a situação, que todos olhavam comprometidos... A mulher olhou-te surpreendida, porque uma outra voz se tinha sobreposto à sua e ficou ali, de repente silenciosa, ainda a agarrar o miúdo pelo pulso franzino... Foi como se a tua intervenção tivesse suspendido aquela cena no tempo e no espaço por breves segundos... repetiste, ainda mais convicto: "Sim, minha senhora, fui eu que lhe dei a bola!" e antes que ela tivesse tempo de reagir, apanhaste a bola transparente do chão e estendeste-a ao garoto, olhos abertos de espanto... Sorriste-lhe e com uma piscadela de olho, convidaste-o a entrar na cumplicidade daquele momento...
Ele soltou-se da garra da mãe e agarrou o brinde com as duas mãos... olhou-o por instantes e depois ergueu os olhos para ti, brilhantes de felicidade, a emoldurar um sorriso enorme, um "obrigado" mudo, repleto de significado... passaste-lhe a mão pela cabeça, num afago e saíste porta fora, sem dar mais explicações, sem esperar perguntas, deixando as pessoas a comentar a acção e a mulher sem saber como reagir...
Foram apenas uns breves minutos, que pareceram uma eternidade, mas que valeram a pena para o resto do dia, pela cara de tola com que a mulher ficou, mas acima de tudo pelo sorriso do miúdo, por aqueles olhos claros e sonhadores, de quem vê um desejo inesperadamente cumprido... "Caramba... como valeu a pena!!!" - murmuraste, e foi com um sorriso que regressaste ao escritório.

2005/05/04

Reflexões...

Estas duas últimas semanas têm sido estranhas para mim... a um acréscimo repentino de trabalho, contrapôs-se uma certa incapacidade de me expressar... aqui n'O Piropo, notei-o essencialmente pelo espaçamento entre os posts... não consegui escrever algo, ficção ou reflexão, nem um arremedo de poema... não conseguia seleccionar a letra de uma música ou uma poesia, porque todas me pareceram iguais... apoiei-me nas imagens, resultado das minhas imberbes experiências de fim de semana...
Na verdade, estas foram semanas complicadas para mim... em especial por não conseguir entender o que se estava a passar comigo, não o conseguir admitir, não conseguir perceber o porquê deste "esgotamento" de ideias, quando em momentos diversos e bem mais preenchidos tal não ocorreu... mas deverá ser do trabalho, sem dúvida... não tenho outros motivos que me impeçam de "criar", muito pelo contrário...
Sei que não foi só aqui que se notou a minha "ausência", creio que tudo em meu redor se ressentiu destes dias estranhos... por isso, a todos, incluindo os que gostam de por cá passar e me ler (sim, atribuo-me o direito de pensar que quem cá passa vem pelo gosto de me ler, mesmo para além de quaisquer laços que possam existir) peço somente a vossa compreensão e ofereço as minhas desculpas... na vaga esperança de ser perdoada com um sorriso...
Creio que tal como veio há-de passar... tenho certeza disso, porque ontem consegui escrever os primeiros parágrafos de uma história que me andava a passear na cabeça há alguns tempos, porque hoje consegui chegar aqui e reflectir sobre esta sensação que me assola... tudo se vai resolver em bem... tudo se vai resolver... Ainsi soit'il...

2005/05/03

O Amor é uma Companhia / Alberto Caeiro

O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.

Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo.
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.
Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.

Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio.

2005/05/01


A ti, que me queres bem, ofereço uma estranha rosa, rara e única como o carinho e o amor que te tenho... Obrigada Mãe!