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2005/06/30

Ela...

Reparei nela quase por acaso. Passeava sozinha no centro comercial, observando as montras, passo lento e miúdo, como que a querer demorar-se e gastar tempo... baixinha, de formas arredondadas, óculos, cabelo curto, era aquele tipo de mulher que, de tão discreta e apagada, passava facilemente despercebida na multidão, aquele tipo de mulher para a qual, por norma, não se olha duas vezes... não que fosse totalmente desagradável à vista, mas era simplesmente banal...
Olhava as montras, por onde passava, mas o seu olhar mostrava desinteresse.... olhava sem ver realmente o que tinha à frente, pensamento disperso por outras realidades... os seu solhos castanhos pareciam ensombrados por uma qualquer nuvem de tristeza de origem desconhecida... olhar baço, quase sem vida, manifestava aquele tipo de desespero vago de quem já não tem motivos para sorrir... e era precisamente isso que me prendia a atenção àquela figurinha roliça que caminhava sozinha sem destino aparente num centro comercial...
Quando o telemovel tocou, vi-a tirá-lo da mala e pegar-lhe, num movimento lento e sem pressas... e foi então que aconteceu... este mero gesto olhar um número a brilhar no visor, de atender um telefonema, provocou-lhe uma alteração profunda... foi como se uma pequena revolução interior tivesse ocorrido, manifestando-se numa quase transfiguração... a face abriu-se num sorriso, iluminado pelo brilho de um olhar de felicidade pura, um tom rosado corou-lhe as maçãs do rosto... tudo o que a rodeava havia pura e simplesmente sido eclipsado, era como se todo o peso que carregava no ombros e na alma se tivesse dissipado num momento mágico e único, que a tivesse transportado para um outro tempo e espaço, para um outro mundo...
Uma mudança tão extraordinária, que acreditei uma fada tivesse acabado de nascer, despontando de um botão de rosa acabado de florir, vestida de tule delicado e diáfano, cabelo longo e sedoso, pequenas asas translúcidas e brilhantes e um sorriso capaz de iluminar o mundo...
Quando despertei do meu próprio sonho, vi-a deixar o centor comercial, ombros erguidos, decidida, com um sorriso a bailar-lhe nos lábios, olhos brilhantes e claros... pronta para enfrentar novamente o mundo...

2005/06/29

Reflexões...

Hoje era um daqueles dias em que precisava absolutamente de ser ouvida ao invés de ouvir... não precisava de conselhos, nem de puxões de orelhas... só precisava de falar um pouco sobre mim, de desabafar, de ser ouvida... era o suficiente para ordenar ideias e libertar-me um pouco mais... restou-me refugiar-me no meu silêncio envergonhado e guardar, uma vez mais, as minhas preocupações bem dentro da alma... já estou habituada a guardá-las, mas hoje teria sabido bem falar...

2005/06/28

Fumo / Florbela Espanca

Longe de ti são ermos os caminhos,
Longe de ti não há luar nem rosas,
Longe de ti há noites silenciosas,
Há dias sem calor, beirais sem ninhos!

Meus olhos são dois velhos pobrezinhos
Perdidos pelas noites invernosas...
Abertos, sonham mãos cariciosas,
Tuas mãos doces, plenas de carinhos!

Os dias são Outonos: choram... choram...
Há crisântemos roxos que descoram...
Há murmúrios dolentes de segredos...

Invoco o nosso sonho! Estendo os braços!
E ele é, ó meu Amor, pelos espaços,
Fumo leve que foge entre os meus dedos!...

2005/06/27

Segunda-feira...

Segunda-feira, dia 27, estou no meu escritório e encontro tudo de pernas para o ar... finalmente andaram a fazer limpeza neste fim de semana... mas ficou tudo baralhado por aqui, já tive de andar à "pesca" da minha cadeira, a refazer as ligações do pc, a desentalar os cabos da impressora, a arrumar as pastas que despejaram em cima da secretária... mas tudo isto não tem importância graças à dor de cabeça com que acordei...
Este vai ser mesmo um longo dia...

2005/06/26


Ontem andei por aqui... a passear a vista por uma imensidão de coisas que a imaginação humana consegue criar... umas mais originais que outras, mas sem qualquer dúvida uma manifestação de criatividade... Foi um tarde em cheio para um destino imprevisto... Cheguei tarde e cansada a casa e creio que hoje ainda estou a sentir esse cansaço, mas valeu a pena, pela diferença...

2005/06/24

Fico assim sem você / Adriana Calcanhoto (canta)

Avião sem asa, fogueira sem brasa
Sou eu assim sem você
Futebol sem bola,
Piu-Piu sem Frajola
Sou eu assim sem você

Por que é que tem que ser assim
Se o meu desejo não tem fim
Eu te quero a todo instante
Nem mil alto-falantes
vão poder falar por mim

Amor sem beijinho
Buchecha sem Claudinho
Sou eu assim sem você
Circo sem palhaço,
Namoro sem abraço
Sou eu assim sem você

Tô louco pra te ver chegar
Tô louco pra te ter nas mãos
Deitar no teu abraço
Retomar o pedaço
Que falta no meu coração

Eu não existo longe de você
E a solidão é o meu pior castigo
Eu conto as horas
Pra poder te ver
Mas o relógio tá de mal comigo

Por quê? Por quê?

Neném sem chupeta
Romeu sem Julieta
Sou eu assim sem você
Carro sem estrada
Queijo sem goiabada
Sou eu assim sem você

Por que é que tem que ser assim
Se o meu desejo não tem fim
Eu te quero a todo instante
Nem mil alto-falantes
vão poder falar por mim

Eu não existo longe de você
E a solidão é o meu pior castigo
Eu conto as horas pra poder te ver
Mas o relógio tá de mal comigo

Por quê?


E esta veio aqui parar porque sim... porque me apeteceu...

2005/06/23

Hoje...

... voltei ao trabalho. Um dia fresco a querer adivinhar uma chuva que não vai cair, mas acima de tudo uma bela disposição para enfrentar as "feras"... lá apanhei o comboio, que, com as férias a começar nas escolas, anda muito mais livre... quando cheguei à estação, acabavam de sair os últimos autocarros antes de iniciar a greve, em vez de esperar por um alternativo, decidi ir a pé até ao trabalho, num quase-passeio descontraído... passagem pelo café da esquina para tomar o pequeno-almoço, e dirigi-me finalmente para o trabalho, atravessando o parque de estacionamento, agora coberto de milhares de pequenas flores amarelas, caídas das árvores... parei no multibanco para carregar o telemovel e subi as escadas em direcção ao meu recanto, que imagino deverá estar completamente desarrumado... mas a disposição está em alta e isso é que interessa, porque significa que as defesas estão recuperadas... pelo menos até ao resto das férias...

2005/06/22

Mini-Férias...

14, 15, 16, 17, 20, 21, 22... um, dois três, quatro, cinco, seis, sete dias de férias, que chegam agora ao fim e que, verdade seja dita, souberam a pouco... serviram essencialmente para fazer uma interrupção na rotina diária, para recuperar alguma energia, orientar e arrumar as ideias, antes de perder completamente o pouco tino que ainda me restava... fiquei em casa estes dias e lá tive e me dedicar a algumas tarefas domésticas, noblesse oblige...
Hoje finalmente, arranjei coragem para fazer uma limpeza geral no meu quarto, com especial incidência na secretária que já tinha tantos papéis em cima que quase não via a impressora... foi rasgar, organizar e limpar tudo... papéis, cd's, anotações e, finalmente, já que estava com a embalagem toda, pôr ponto de ordem no interior do pc, ordenar ficheiros e remover aquilo que já não interessava...
Feito isto, resta-me preparar-me psicologicamente para retomar a rotina de trabalho... amanhã...

2005/06/21


Verão...

E parece que de acordo com o calendário chegou finalmente o Verão. Seguem-se agora, rapidamente, os dias longos, o desejo de férias, de praia, de mar, de castelos de areia, de refrescos bebidos por uma palhinha, de gelados, de campo, de árvores de sombra fresca, de concertos, de espectáculos, de fuga à rotina, mas sobretudo, vem também o calor, que nos derrete até as ideias mais firmes e nos deixa moles como rebuçados ao sol... Uns vão bendizê-lo, outros vão rogar-lhe pragas, mas no final, vão todos lamentar-se quando terminar...
Assim, antes de mais nada, aproveitei o dia para deitar mãos à obra e pôr ordem aqui no blog e fazê-lo mexer de novo, antes que o calor me influencie de novo e me faça ficar preguiçosa, porque isso não pode mesmo ser... as ideias estão por aí, qual balões coloridos soltos ao vento e só basta agarrá-las... e foi mesmo o que fiz! Agarrei em algumas ideias e comecei a tratá-las... quanto ao resultado... durante o Verão se verá...

2005/06/20



2005/06/16

Quem morre? / Pablo Neruda

Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajectos,
quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor
e não fala com quem não conhece.

Morre lentamente quem faz da televisão seu guru.

Morre lentamente quem evita uma paixão,
quem prefere o escuro ao invés do claro e os pontos sobre os "is"
a um redemoinho de emoções,
exactamente a que resgata o brilho nos olhos,
o sorrisos nos lábios e o coração aos tropeços.

Morre lentamente quem não vira a mesa
quando está infeliz no trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto, para ir atrás de um sonho.

Morre lentamente quem não se permite,
pelo menos uma vez na vida, ouvir conselhos sensatos.

Morre lentamente quem não viaja, não lê,
quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.

Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da sua má sorte,
ou da chuva incessante.

Morre lentamente quem destrói o seu amor próprio,
quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem abandona um projecto antes de iniciá-lo,
nunca pergunta sobre um assunto que desconhece
e nem responde quando lhe perguntam sobre algo que sabe.

Evitemos a morte em suaves porções,
recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior
que o simples ar que respiramos.

Somente com infinita paciência conseguiremos a verdadeira felicidade!


PS: Lembro-me de ter lido este poema há algum tempo, anos mesmo... hoje voltei a ele por uma dica que quase me caiu no regaço, de alguém que não sei quem seja, mas que acha que me conhece o suficiente para dizer que me assenta como uma luva... talvez sim, talvez não, talvez só em parte, mas não deixa de ser uma belíssima reflexão sobre o Ser...
Toda A Gente e Ninguém... obrigada pela dica!

2005/06/15


Submersas nas águas, reflectem a delicadeza, a luz e a cor que já foram...

2005/06/14

As Palavras / Eugénio de Andrade (1923-2005)

são como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras, orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de meória.
Inseguras navegam;
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

2005/06/13

Tradição...

Hoje é dia de Santo António de Lisboa e dia de cumprir uma tradição lisboeta... É verdade... como lisboeta que sou e desde que me lembro de ser gente que cumpro a tradição da visita a Santo António neste dia 13 de Junho... é algo que está para além de uma perspectiva religiosa unicamente... de certa forma, é uma manifestação forte de um traço cultural bairrista que se tem vindo a perder...
Forma-se uma fila para comprar o "pãozinho" do Santo, minúsculo, que se guarda e se mantém intacto de um ano para o outro, para que, diz o povo, nunca falte o pão na casa de quem contrbui para as obras do Santo... forma-se uma segunda fila para aceder ao pequeno templo, tocar o retrato "milagroso", recolher um cravo e assistir à missa ... forma-se, finalmente, uma terceira fila para aceder a um dos recantos mais característicos deste evento... a passagem pela cripta, onde se reverencia uma reliquia do Santo e onde, de acordo com a tradição popular, estaria localizada a casa onde nasceu Fernando de Bulhões...
Em resumo, muita gente, muita confusão, muito ruído, mas sobretudo, muita fé, muito respeito, muita tradição, muita curiosidade, algum cansaço, um pouco de tudo aquilo que leva pessoas a esperar mais de uma hora para "visitar" aquele que, de acordo com a crença do povo, é o Santo padroeiro da cidade de Lisboa, remetendo para segundo plano o São Vicente e os seus corvos...
Questões religiosas aparte, esta é daquelas tradições que não me importo de cumprir... faz-me recordar do tempo em que era uma cidadã de Lisboa e não somente uma lisboeta-nata... mas, sobretudo, tem a capacidade de me ajudar a reflectir sobre os meus problemas, a recuperar o meu rumo, a recolher energias, a acreditar que muito é possível...

2005/06/11

Oh, o meu amor... / e. e. cummings

Oh, omeu amor é como uma rosa encarnada,
Que de novo nasceu em Junho;
Oh, o meu amor é como a melodia afinada
Que em hamornia se toca docemente.

Tal como sois bela e bem-parecida,
Assim profundamente enamorado estou;
E amar-vos-ei sempre, minha querida,
Até que os mares sequem inteiramente.

Até que os mares sequem inteiramente, minha querida,
E que ao sol as pedras derretam;
E amar-vos-ei sempre minha querida,
Enquanto os instantes do tempo passarem.

E despeço-me de vós, meu único amor!
E despeço-me de vós por pouco tempo!
E voltarei, meu amor,
Ainda que dez mil milhas nos separem.

2005/06/10

Portugal, Portugal / Jorge Palma

Tiveste gente de muita coragem
E acreditaste na tua mensagem
Foste ganhando terreno
E foste perdendo a memória

Já tinhas meio mundo na mão
Quiseste impor a tua religião
E acabaste por perder a liberdade
A caminho da glória

Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar

Tiveste muita carta para bater
Quem joga deve aprender a perder
Que a sorte nunca vem só
Quando bate à nossa porta

Esbanjaste muita vida nas apostas
E agora trazes o desgosto às costas
Não se pode estar direito
Quando se tem a espinha torta

Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar

Fizeste cegos de quem olhos tinha
Quiseste pôr toda a gente na linha
Trocaste a alma e o coração
Pela ponta das tuas lanças

Difamaste quem verdades dizia
Confundiste amor com pornografia
E depois perdeste o gosto
De brincar com as tuas crianças

Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar

Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar

Dada a data que este feriado de hoje comemora, recordei esta música, sem qualquer sombra de dúvida a mais adequada às circunstâncias que vivemos... e do que é que estamos à espera?

2005/06/09


Tempus...

Relógio de cuco,
sem cuco;
ampulheta de areia,
sem areia;
clepsidra de água,
sem água;
relógio de sol,
sem sol...
Instável, estável...
oscilante...
como um pêndulo,
num velho relógio;
voltas sucessivas
de ponteiros,
sem destino aparente.
Sou assim,
estou assim...
e logo depois
já não estou,
já não sou...
Sempre sou...
Hei-de ser!

2005/06/08

Hoje...

O dia começou quente, como seria de esperar num mês de Junho, porém, o céu encontrava-se toldado por nuvens dispersas de algodão branco e cinza... era como se uma tempestade se estivesse a formar, uma trovoada de aroma tropical... fica na memória a ânsia de uma chuva improvável, daquelas que cai sem aviso e nos obriga a secar a roupa no corpo, refrescando-nos até à alma... mantém-se o calor colado à pele, fazendo-nos sentir, a pouco e pouco, como um rebuçado pegajoso, semi-derretido ao sol... resta a quem pode, refugiar-se num qualquer local fresco, ao abrigo de um ar condicionado ou coisa parecida, para iniciar o treino para os dias ainda mais quentes que estão para vir...

2005/06/07

Esta é a Cidade / António Gedeão

Esta é a Cidade, e é bela.
Pela ocular da janela
foco o sémen da rua.
Um formigueiro se agita,
se esgueira, freme, crepita,
ziguezagueia e flutua.

Freme como a sede bebe
numa avidez de garganta,
como um cavalo se espanta
ou como um ventre concebe.

Treme e freme, freme e treme,
friorento voo de libélula
sobre o charco imundo e estreme.
Barco de incógnito leme
cada homem, cada célula.
É como um tecido orgânico
que não seca nem coagula,
que a si mesmo se estimula
e vai, num medido pânico.

Aperfeiçoo a focagem.
Olho imagem por imagem
numa comoção crescente.
Enchem-se-me os olhos de água.
Tanto sonho! Tanta mágoa!
Tanta coisa! Tanta gente!
São automóveis, lambretas,
motos, vespas, bicicletas,
carros, carrinhos, carretas,
e gente, sempre mais gente,
gente, gente, gente, gente,
num tumulto permanente
que não cansa nem descança,
um rio que no mar se lança
em caudalosa corrente.

Tanto sonho! Tanta esperança!
Tanta mágoa! Tanta gente!


Andei a fazer "limpeza" na caixa do correio e, de repente, dou com este poema... vou deixá-lo aqui para não lhe perder o rasto e porque com este calor todo, a inspiração tem tendência a evaporar-se um bocadinho... mas é só por hoje...
Um dia bom para todos!

2005/06/05


Poderias ser uma medusa fatal... só tocando se percebe a delicadeza das tuas pétalas-tentáculos...

2005/06/03

Here with me / Dido

I didn't hear you leave,
I wonder how am I still here
I don't want to move a thing,
It might change my memory

Oh I am what I am,
I'll do what I want, but I can't hide
I won't go, I won't sleep,
I can't breathe, until you're resting here with me
I won't leave, I can't hide,
I cannot be, until you're resting here with me

I don't want to call my friends,
They might wake me from this dream
And I can't leave this bed,
Risk forgetting all that's been

Oh I am what I am,
I'll do what I want, but I can't hide
I won't go, I won't sleep,
I can't breathe, until you're resting here with me
I won't leave, I can't hide,
I cannot be, until you're resting here with me

Ouvi-a hoje de manhã, quase por acaso... ficou-me de tal forma marcada na memória que a trauteei uma boa parte do dia... quando assim é, nem vale a pena lutar contra... assim que liguei o pc, procurei-a nos arquivos e pu-la a tocar... para "matar" saudades e encher-me com a sua sonoridade...

2005/06/02


Os Jacarandás...

Desde este post, que não deixo de pensar nestas belas árvores e como sempre me acompanharam, mesmo antes de saber o seu nome... O que mais me fascina nelas é o azul violáceo das suas pequenas flores, câmpanulas imperfeitas que, em grande quantidade as destaca entre as grandes árvores. Normalmente, as flores surgem antes de brotarem as primeiras folhas, de um verde-alface brilhante que acentua o contraste... A sequência é mais ou menos assim: galhos nús que se cobrem de pequenos botões, depois surgem as flores, salpicos de azul que se repetem às centenas até cobrir toda a copa da árvore, finalmente surgem as folhas, verdes e tenras, que só desaparecerão com o frio do Inverno. São altas, imponentes, são belas, mas sobretudo, são azuis...
Este jacarandá que vejo perto do trabalho é muito jovem, pequenino ainda, um sobrevivente no bulício da cidade, tal como os que, na Amadora, apesar de mais velhos, foram postados numa rua que se estende ao longo da linha do comboio... mas servem perfeitamente para recordar os da minha infância, de tempos, momentos e locais que já só permanecem intactos na recordação da memória... não sei se os jacarandás do Parque Eduardo VII resistiram às "obras" do tunel do Marquês, espero que sim, que se continuem a demarcar na paisagem verde, com a sua onda de azul; mas sei que os jacarandás que rodeavam o lago oitocentista do Jardim Constantino já não existem, derrubados em nome da "modernização" de um espaço de lazer... ficam as memórias e essas, continuam a ser doces, como o perfume de uma pequena flor azul... de jacarandá...

2005/06/01

Hoje é...

... Dia Mundial da Criança, pelo menos de acordo com quem assim o definiu... mas na realidade o dia da Criança deveria ser todos os dias, mas dias bonitos, com céu azul, sol brilhante, com arco-irís e ternura, carinho e amor, livres de dor e tristeza... era bom que fosse assim, mas para todos... resta-nos simplesmente acreditar e tentar conservar dentro de nós o espírito de ser criança, a inocência e a simplicidade de ver e viver as coisas... assim:

Segredo / Miguel Torga

Sei um ninho.
E o ninho tem um ovo.
E o ovo, redondinho,
Tem lá dentro um passarinho
Novo.

Mas escusam de me atentar:
Nem o tiro, nem o ensino.
Quero ser um bom menino
E guardar
Este segredo comigo.
E ter depois um amigo
Que faça o pino
A voar...