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2005/10/29

Lido...

"Alguns apaixonados são pessimistas quanto ao seu destino individual, mas nunca questionam o sol e demais astros que movem o sentimento amoroso na sua e em todas as épocas. (...) Mas o apaixonado tem medo, pois amar sem medo é um passatempo ocioso. O amor amotina o corpo todo, esmigalha os ossos, transforma a alma num joguete. Ninguém avança assim sem medo. Mas o medo só em momentos muito intermitentes afasta o apaixonado da paixão. Depois, num ápice, num acaso, numa esquina imprevista, a estopa chega-se ao fogo e o amor não tem retorno. Até que se consome. Até que se consuma. Um rosto de repente necessário, uma voz inevitável, um sorriso inesquecível, um gesto o mais luminoso dos gestos. Num ápice, o medo é igual ao inexplicável sentido de tudo, e há uma pessoa, uma única pessoa em todo o mundo, pela qual abandonamos o cepticismo, ignoramos a inconveniência, desprezamos o sarcasmo, suportamos a incompreensão, aceitamos o sofrimento como se fosse comunhão em espécie. (...) O medo do amor e o amor são uma e a mesma coisa. É o único destino humano decente, o único destino humano aceitável. Aceitar o mundo e aceitar o mdo, como se este fosse o nosso único nascimento."

Crónica de Pedro Mexia, "O Medo do Amor", em O Spleen do Século, Grande Reportagem nº 251...

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