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2005/08/16


Espelho...

Olhei a imagem refletida no espelho... um ligeiro sorriso, uns olhos castanhos refugiados atrás das lentes dos óculos, um rosto banal e pensativo emoldurado por uma franja teimosa que insiste em cair e um cabelo castanho curto levemente arrebitado nas pontas... "És mesmo tu..." - murmurei com os meus pensamentos - "e no entanto, aquilo que vês não é aquilo que os outros vêem... de facto, és uma crítica terrível... não te sabes perdoar os mínimos erros e como tal, afastas-te dos outros para que não percebam aquilo que consideras uma fraqueza... sabes que mais? És uma tola! Liberta-te... vê sozinha aquilo que os outros já descobriram em ti! Esquece os problemas, transforma-os na tua força, no teu poder... porque a verdade é que tu és forte, muito mais forte do que imaginas... és muito mais resistente do que o que essa imagem reflectida transmite... tu és tu! Sempre tu mesma, para o bem ou para o mal..." - sorri com a evocação de tantos outros discursos semelhantes, ditos por outros... amigos, conhecidos, desconhecidos, por aqueles que se tornaram parte de mim, por aqueles que nunca mais voltei a ver, por aqueles que vão e voltam, pelos efémeros, pelos instáveis, pelos certos, pelos de pedra e cal...
Olhei novamente o espelho e ela sorriu-me de volta, certas de que há coisas que são por vezes tão simples que as perdemos de vista, que é preciso dar para receber, mas é sobretudo preciso não ter medo de sentir e de o demonstrar... - "porque pelo menos um primeiro passo já foi dado, já me começo a aceitar como sou... meio calada, meio louca, meio tola, meio sorridente, meio brincalhona com um humor malvado... muitos meios para uma mulher só e uma imagem reflectida no espelho não é? Mas só custa o primeiro passo" - e pisquei-lhe o olho, cúmplice...

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