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2005/08/02


Na noite...

Chegou a casa tarde, já há muito que havia escurecido. Cansada de mais um dia de trabalho, sem objectivo, sem propósito, despiu-se e procurou relaxar e esquecer...
Era uma noite escura e ventosa, como tantas outras. Ela aproximou-se da janela e ficou a olhar a Lua, serena e tranquila, disco de prata brilhante em veludo azulescuro. Aqui e além ainda se vislumbravam algumas estrelas a brilhar, pequenos pontos de luz a lutar contra o negrume do céu e a luminosidade amarela do mercúrio da cidade. Em silêncio, ficou a olhar a noite, com o telemóvel firmemente agarrado nas mãos frias, como se esperasse algo ou se preparasse para enviar uma qualquer mensagem. Então, num movimento lento, pousou o telemóvel na secretária e abriu a janela. Ficou assim, aparentemente frágil, olhar perdido no escuro, pensamentos em fúria, alma inquieta, cabelos a esvoaçar pelo rosto batido pelo vento.
Ao erguer o olhar para o luar, sorriu. Quase adivinhava que algures, outro alguém fazia o mesmo que ela: "penso em ti, pensas em mim, pensamos em nós"... olhava a noite, alimentava a esperança, preces emudecidas pela escuridão, em uníssono, dois olhares perdidos, duas almas simples, para sempre unidas num abraço, para além da realidade... como só almas gémeas podem estar...

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