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2006/10/22


Meio-dia / Pablo Neruda

Dois amantes ditosos fazem um só pão,
uma só gota de luar na erva,
deixam, ao andar, duas sombras que se juntam,
deixam somente um sol vazio numa cama.

De todas as verdades escolheram o dia:
não se prenderam com fios mas com perfume,
e não despedaçaram a paz nem as palavras.
A felicidade é uma torre transparente.

O ar, o vinho acompanham os dois amantes,
a noite oferece-lhes as suas pétalas felizes,
têm direito a todos os cravos.

Dois amantes ditosos não têm fim nem morte,
nascem e morrem muitas vezes enquanto vivem,
são eternos como a natureza.

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