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2005/09/30

Ritual...

Medicamentos para o corpo, contorcido em otites, faringites, laringites e outras ites que tais, que insistem em proporcionar novos níveis de dor, de falta de ar, de tosse, de ansiedade, de falta de equilibrio. Leite quente e mel para a alma, meio perdida em confusões febris e preocupações com o trabalho que tem de ser feito e que a consciência profissional (essa "idiota") não permite ignorar, porque há projectos urgentes que precisam de ser trabalhados, porque há auditorias da qualidade que têm de ter respostas. Tem sido este o meu ritual na última semana. Já só tenho forças para me manter à tona e alinhavar um mínimo de raciocínio, não tenho condições nem paciência para entrar em debates ou justificar as minhas opções... quem quiser que entenda...

2005/09/29

Ausência / Sophia de Mello Breyner Andresen

Num deserto sem água
Numa noite sem lua
Num país sem nome
Ou numa terra nua

Por maior que seja o desespero
Nenhuma ausência é mais funda do que a tua.

2005/09/27

De regresso...

Como por vezes querer é poder, cá estou de volta ao trabalho... escritório com algumas obras de modificação de espaço, dou graças aos céus por estar meio-surda e não me incomodar a barulheira dos berbequins e martelos... logicamente, por uma e outra razão, atender telefones está fora de questão, e ainda bem... em todo o caso, já que impera a teoria do ninguém é indispensável, também será tempo de perceberem que se têm de actualizar porque eu posso não estar sempre ao dispôr... aliás, já lá vai o tempo em que mesmo doente em casa, descobria por telefone onde tinham "perdido" os ficheiros do computador... e mais não sou técnico de informática... por vezes era mesmo uma questão de bom-senso ou sentido de orientação que, como se sabe, consegue ser escasso em algumas pessoas...
Apesar de tudo, sinto-me bem disposta, porém, um pouco dormente em relação ao que me rodeia... os tempos de resposta estão um pouco enviezados, mas nada de preocupante, efeitos secundários da gripe diria, se não soubesse que a vontade de estar noutro sítio qualquer tem também a sua quota parte de responsabilidade...
Enfim, nada de novo... é mais um dia, é menos um dia...

2005/09/26

Estou aqui!

E estou mesmo aqui... em casa, ainda a sofrer os efeitos de um ataque fulminante de gripe. Na quinta-feira ainda festejei condignamente a chegada do Outono, e de certa forma, o meu regresso ao trabalho... mas a sexta-feira revelou-se fatal para quem já não estava habituada a ar-condicionado e mudanças bruscas de temperatura... de uma simples dor de garganta a meio da manhã, até dor generalizada em todo o corpo, acompanhada por uns simpáticos 39º graus, fizeram com que quase me arrastasse até casa... devidamente medicada, o sábado até foi um dia suportável, mas o pior chegou no domingo, algo que já havia esquecido como podia ser terrívelmente doloroso... uma bela otite revelou-se para meu enorme desespero... e com a triste notícia que o remédio "milagroso" tinha acabado... é claro que com este panorama a inspiração para escrever ou mesmo escolher algo para cá deixar, uma simples imagem que fosse, foi quase nula...
Hoje, depois de uma rápida passagem pela farmácia em busca de alívio, vou tentar descansar o corpo e treinar a mente para ignorar a dor de ouvidos, com uma réstea de esperança qeu amanhã terei voltado ao normal, ou coisa assim parecida...

2005/09/22


Outono...

Oficialmente começa hoje o Outono, época mágica de ouro e fogo no chão que pisamos e rosa e púrpura ao anoitecer... mais uma estação que se sucede, mais um momento especial nesta espiral que percorremos...

2005/09/21

Reflexões...

Se vos aceito como são, aceitem-me como sou, defeitos, qualidades e opções de vida inclusive... esse é um dos passos para a Amizade...

2005/09/20

Regresso...

Voltei ontem ao trabalho... acordar cedo, ainda sem sol no horizonte, entrar no comboio, esperar um autocarro, observar a correria das "formiguinhas"... nada disso me incomodou de todo, aliás, creio que calma seria a palavra exacta para descrever a minha postura em relação a isto... ainda tive tempo para ver que já começaram a podar as árvores do parque de estacionamento, que pintaram de fresco as passadeiras, que o sol, de manhã, continua a brilhar por entre as árvores, filtrado pelas folhas...
Custou-me, isso sim, habituar-me de novo a estar fechada numa sala uma boa parte do dia, readaptar o ouvido ao ruído de fundo - portas que batem, rádios, conversas, telefones, bla, bla, bla, bla, bla, bla - que não cessa nem diminui...
Depois de três semanas de descanso relativo, este "movimento" revelou-se cansativo e ainda hoje estou a tentar recuperar informação, reordenar prioridades e organizar-me internamente para iniciar, de facto, a trabalhar... por mais um ano...

2005/09/19

Voz que se Cala / Florbela Espanca

Amo as pedras, os astros e o luar
Que beija as ervas do atalho escuro,
Amo as águas de anil e o doce olhar
Dos animais, divinamente puro.

Amo a hera que entende a voz do muro
E dos sapos, o brando tilintar
De cristais que se afagam devagar,
E da minha charneca o rosto duro.

Amo todos os sonhos que se calam
De corações que sentem e não falam,
Tudo o que é Infinito e pequenino!

Asa que nos protege a todos nós!
Soluço imenso, eterno, que é a voz
Do nosso grande e mísero Destino!...

2005/09/17


E de repente...

E de repente esqueci...
Esqueci as horas,
Esqueci os dias,
Esqueci os momentos,
Esqueci a realidade,
Esqueci a fantasia,
Esqueci o presente,
Esqueci o passado,
Esqueci o futuro,
Esqueci os amigos,
Esqueci os conhecidos,
Esqueci a família,
Retalhei as vestes,
Cortei o cabelo,
Arranquei as penas das asas,
Esqueci-me de mim...
Mas não me esqueci de ti...

2005/09/16


Takk / Sigur Ròs

Simplesmente belíssimo... fabulosamente divino, para ouvir e absorver com a alma...

2005/09/14

Blessed be...

Blessed be the angels
That cross your path
Blessed be the dreams
You have lost
Blessed be the friends
That give an hand
When the time of need
Has come

2005/09/13




2005/09/11

No azul... / Sandro Penna

No azul intenso de uma tarde de Verão
é densa a folhagem e parece absorta sob o sol claro.
Tudo está maduro e cheio. Não há ameaça que pese
sobre as coisas. Apesar disso, o meu amor,
distante como o sol e tão próximo,
em si vive e só de si.

2005/09/10

Sinto...

Sinto-me triste esta noite... uma tristeza antiga e funda que desperta de vez em quando e me inunda, até transbordar em regatos de água salgada descendo pelo vale do meu rosto... e quando sinto que tudo o mais está distante, busco consolo nas letras, modelo-as, faço-as deslizar pelos dedos como suaves berlindes de vidro puro, como quaisquer contas de um rosário que apenas aguarda ser escrito para existir... no papel imaculadamente branco tudo parece possível, tudo se torna possível... está ao alcance de um suspiro a criação de um novo universo, mil estrelas repletas de sonhos, mil ilusões ou certezas... à medida que vão nascendo filas ordenadas de letras, pequenos guerreiros carregados de significados visíveis e sentidos ocultos, redime-se a tristeza a um simples suspiro, um sentimento catártico de libertação e leveza da alma... porém, ela continua lá, guardada e expectante até um outro dia... e por isso, não deixarei totalmente de me sentir triste esta noite...

2005/09/09


The Fall...

Com a chuva que teima em cair, vem também a certeza que mais um Verão estará em breve terminado, substituido pelas cores quentes do Outono, pelo cheiro a molhado, pelo sonhos embalados ao som doce da chuva que bate nos vidros... aproxima-se a época de descobrir a beleza numa gota de água pendurada na ponta de uma folha, observando o mundo que a rodeia enquanto aguarda companhia para um queda livre até ao chão sequioso... a época dos mil mundos reflectidos numa poça de água, observada com atenção em busca de um olhar perdido ou do sorriso cúmplice... a época dos passeios molhados que encharcam o corpo e limpam a alma, eternamente de mãos dadas... a época em que a cor e o frio rodopiam juntos ao sabor do vento até descobrir onde repousar... e é por tudo isto e tanto mais que gosto do Outono e aprendi a apreciar ainda mais a chuva...

2005/09/08


Sintra...
Depois de me ter de deslocar até Sintra para resolver alguns assuntos, nunca poderia resistir a mais uma imagem da praxe... noutro dia com mais tempo, haverá oportunidade para descobrir o algo mais que se esconde além do que é visível ao olhar fascinado do "turista"...

2005/09/07


Ponto de Cruz...

E ponto a ponto terminei finalmente os "rebuçados" e um "anjinho" maroto... há muito que não me dedicava a estas aventuras de "menina prendada", mas desta vez retomei com gosto e um enorme prazer, porque estes pequenos mimos serão para o Tomás, que há-de chegar em breve...
Fiquei contente quando a minha amiga partilhou a novidade... apesar de ritmos de vida e percursos muito diferentes, resistiu sempre algum contacto entre nós, porque afinal, mesmo partilhando alguns anos de crescimento juntas, não é tácito que os laços permaneçam sempre... é nestas alturas que não consigo deixar de pensar nas "pontas" que ficaram para trás, que se foram desatando lentamente, até não restar mais do que a memória de um dado tempo... por vezes, pergunto-me mesmo "o que será feito deles?", mas na verdade sei que dificilmente obterei resposta porque foram laços levados pelo tempo...

2005/09/06


E hoje choveu... e por momentos senti-me como uma simples gota em equilíbrio precário num estendal da roupa, qual acrobata de circo... cai, não cai...

2005/09/05

Take My Hand / Dido

Touch my skin and tell me what you're thinking,
Take my hand and show me where we're going
Lie down next to me, look into my eyes
And tell me, oh tell me what you're seeing
So sit on top of the world and tell me how you're feeling,
What you feel now is what I feel for you

Take my hand and if I'm lying to you,
I'll always be alone, if I'm lying to you

See my eyes, they carry your reflection,
Watch my lips and hear the words I'm telling you
Give your trust to me and look into my heart
And show me, show me what you're doing
So sit on top of the world and tell me how you're feeling,
What you feel is what I feel for you

Take my hand and if I'm lying to you,
I'll always be alone, if I'm lying to you
Take your time, if I'm lying to you,
I know you'll find that you believe me, you believe me

Feel the sun on your face and tell me what you're thinking
Catch the snow on your tongue and show me how it tastes

Take my hand and if I'm lying to you,
I'll always be alone, if I'm lying to you
Take your time and if I'm lying to you,
I know you'll find that you believe me, you believe me

2005/09/04

Não há nada melhor para uma alma do que tornar menos triste outra alma

Paul Verlaine

2005/09/03


Bem vindos ao mundo das Abobrinhas...

2005/09/02

Roubaram a romã...

Costuma dizer-se que não há mal que sempre dure, mas desta vez foi mesmo um bem que não durou muito... Em Julho, deixei aqui a fotografia de uma pequena romã, muito, muito verde, mas já cheia de vontade de crescer... pois bem, quando lá passei agora... descobri que roubaram a romãzinha... está mal! Está muito mal... só quem não sabe o longo tempo que demora uma romã a maturar podia tirá-la assim da árvore, perdendo a oportunidade de a ver chegar ao seu máximo esplendor...

2005/09/01

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades / Luís de Camões

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.